domingo, 31 de maio de 2015

Comunicação, comunicação, comunicação!


Não raramente se ouve que Dilma, seus principais auxiliares e conselheiros, além de seu partido, não têm muita noção da importância capital da comunicação para travar o debate político. Há até quem sugira haver um quê de ingenuidade em Dilma e seu staff, que acreditariam demasiadamente no espírito democrático de seus opositores e na boa intenção por trás do bombardeio midiático contra o governo e o PT, além de confundirem republicanismo com passividade extrema.

Pois não tenhamos dúvida que Dilma, seu partido e o grupo que a cerca sabem muito bem da importância da batalha da comunicação e que têm plena consciência da desproporcionalidade da cobertura midiática. Não há ingenuidade nem republicanismo pueril aí: há boa dose de cálculo político, ainda que possivelmente errado.

Por que, por exemplo, Dilma, na campanha de 2014, aceitou concorrer por coligação tão ampla? Decerto não foi pensando na tal da governabilidade, tampouco se curvando à inexorabilidade do nosso presidencialismo de coalizão. E caso tenha sido, convenhamos, foi uma estratégia por demais furada, haja vista o banho que o governo vem tomando no Congresso, com o auxílio para lá de luxuoso da base dita aliada.

A amplíssima coligação a que Dilma se submeteu se fazia necessária, isso sim, para conseguir tempo de rádio e TV no horário eleitoral gratuito. Os responsáveis pela campanha certamente sabiam que a presidenta precisaria de muita lábia no tempo de TV para fazer frente ao massacre que sofria em todas as mídias “independentes”. Tal estratégia, sim, se revelou correta, pois durante a campanha a popularidade do governo e da presidenta deu uma significativa melhorada, o que teria sido impossível se o tempo de exposição dela fosse menor do que o de seus principais adversários.

Tivemos, em decorrência dessa condição, uma situação paradoxal. Dada a virulência da campanha, e considerando a indisfarçada guinada à direita da principal oposição ao petismo,  a campanha de Dilma não teve alternativas senão radicalizar à esquerda. Por outro lado, justamente a amplitude da coligação, como dito necessária para fazer frente ao bombardeio midiático, não permitiu que Dilma assumisse, de forma programática, compromisso com mecanismos de democratização da mídia. O discurso esquerdista não passou de discurso mesmo, não tendo seus postulados encampados como parte de um programa de governo.

O resumo da ópera é um tanto desalentador: em razão de não radicalizar a discussão política e em virtude da falta de debates sobre a democratização dos meios de comunicação, o petismo, vítima diuturna da violência midiática, fica refém, em tempos de campanha, da benção – e dos minutos de TV – de grupos de direita, justamente para, esquizofrenicamente, fazer frente aos ataques da mesma direita com que supostamente se alia! E por se compor com tais grupos de tendência mais conservadora, fica obrigado a ter uma postura superpassiva em relação à questão da comunicação social no País, aceitando, em nome de uma suposta boa vontade republicana, os abusos que contra si são cometidos.


Alguma figura importante da política internacional (Tony Blair?), em campanha, certa feita disse que suas prioridades eram três: educação, educação e educação. Para Dilma e o PT elas deveriam ser, pelo menos num primeiro momento, comunicação, comunicação e comunicação.

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