Alphaville é um filme visionário e arcaico ao mesmo tempo: Godard aponta o futuro, com uma sociedade totalitária, dominada por uma máquina, enquanto explora os recursos de "preto-e-branco", dando um toque absurdamente sombrio às suas imagens, passando um ar retrô aparentemente inspirado nos velhos filmes noir dos anos 1940.
Como boa referência na seara literária, impossível não pensar no 1984, de George Orwell. Pode-se, por isso, classificar Alphaville como uma distopia, e a exemplo do livro do romancista inglês, de conteúdo essencialmente político.
No clássico filme, a já sugerida fotografia em 'preto-e-branco', o 'livre' e 'ocupado' dos gabinetes de interrogatório, o 'Figaro Pravda' de 'Ivan Johnson' são metáforas para falar de um mundo marcado por pólos antagônicos, claramente representados nos seculares conceitos de "direita" e "esquerda", e isso em pleno auge da Guerra Fria!
Como se não bastasse, Godard, inteligentemente, escolheu o computador para ser o grande dominador. Afinal, nada mais dual do que o código binário para representar uma sociedade maniqueísta e dividida.
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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