Completado um ano de governo, sobram decepções com Barack Obama, tanto dentro quanto fora dos Estados Unidos.
O presidente americano foi eleito sob o signo da mudança, justamente num dos momentos mais críticos da história norte-americana, com presença militar em dois países do Oriente Médio e com uma situação econômica interna só igualável à Grande Depressão.
Em novembro de 2008, ou seja, dois meses antes de assumir, O Estado de S. Paulo publicou artigo do cientista político Alexandre Barros, pró-reitor do Centro Universitário Unieuro (Brasília), intitulado “O presidente Obama e o paradoxo Nixon”, que parece ter feito prognósticos muito certeiros das dificuldades que o então recém-eleito presidente estadunidense enfrentaria, especialmente acerca das estratégias de defesa e, sobretudo, na política externa.
E por que “paradoxo Nixon”?
Alexandre Barros fazia paralelo de “Obama-Iraque-Afeganistão” com “Nixon-Vietnã”. O argumento era de que o ex-presidente Richard Nixon encontrou facilidades de abandonar o país asiático por ser um republicano convicto, linha-dura, do tipo que não provocava desconfianças nos eleitores mais conservadores. Em resumo, se Nixon, figura da direita clássica, dava o fora do Vietnã, era porque não havia alternativas. À mesma época, qualquer democrata que eventualmente agisse da mesma maneira teria sua vida transformada num inferno pelos conservadores mais radicais dos Estados Unidos. Dessa perspectiva, opinava o cientista político, o candidato derrotado John McCain, republicano, advindo do seio militar, teria mais facilidades do que Obama para dar o fora do Iraque e do Afeganistão.
Já o presidente Obama, democrata, negro, liberal (na linha americana), se abandonasse guerras em que o país está atolado no mundo árabe, seria acusado de ser pusilânime e de estar jogando fora toda a hegemonia militar construída, dentre outras coisas, com o sangue dos americanos. Não se dá para, de uma hora para outra, desprezar toda uma cultura baseada na idéia de supremacia e botar abaixo os caros conceitos de imperialismo, sobretudo quando se está no espectro que, não raro, é apontado – de forma crítica - como o contraponto daqueles tão cultuados valores americanos.
À análise de Barros acrescentamos que, para piorar a situação do presidente estadunidense, há o grande complicador interno da crise econômica. Há se notar também que, mesmo seguindo uma política externa conservadora, Obama enfrenta perseguição de setores da imprensa, de fundamentalistas do Partido Republicano e da direita “dona” do patriotismo americano. Imaginemos o que não ocorreria se ele tivesse acabado com as insanas guerras já mencionadas!
Há de se dar tempo ao tempo e valorizar qualquer medida do presidente Obama, por mais tímida que seja, pois as dificuldades que ele enfrenta – e deve continuar enfrentando nos anos vindouros –, associadas às suas origens, inclusive políticas, tendem a não permitir que avance rumo às mudanças que foram o mote de sua candidatura. Uma grande pena para o mundo!
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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