A mais recente edição de Veja, depois de duas semanas requentando o "caso Bancoop", cedeu ao imenso interesse despertado pelo julgamento do casal Nardoni, no que foi seguida pelos outros hebdomadários, à (honrosa) exceção de CartaCapital. Na capa, a manchete: "Condenados! Agora, Isabella pode descansar em paz".
Em primeiro lugar, seria interessante que a revista nos contasse de onde vem toda essa certeza de existência de vida após morte. Questão meramente de fé. E ingênuos como eu pensam que órgãos informativos supostamente sérios deveriam buscar ser mais racionais... Pior do que isso: pelo jeito a Veja ainda por cima tem acesso direto à alma da garotinha, a qual, afirma, não vinha tendo o devido e merecido descanso. Poder mediúnico ou mera pretensão?
O semanário da Abril, no entanto, não quer ficar apenas no mundo sobrenatural. Tampouco o quer, segundo ele, a garota brutalmente assassinada. A despeito da pouca idade que tinha quando morreu - ou que teria agora -, a pequena Isabella jamais conseguiria descansar enquanto ao caso não se aplicasse a justiça dos homens, com os ritos processuais e condenações prescritos nos códigos, levados em frente sob os auspícios do Direito Positivo. Revistinha esperta: "temos pinta de religiosos, mas com os dois pés fincados no mundo terreno mesmo!".
Já que é Semana Santa, fica a torcida para que a revista não caia na tentação de descer novamente à terra. Que continue no "outro mundo", no "além", uma vez que tem esse privilégio que muitos de nós não temos. E caso desça ao mundo terreno, que não seja para nos torrar a paciência com o já citado "caso Bancoop". Todavia, se for para falar nele - afinal ninguém é de ferro! -, que ofereça destaque ao "pito" que o juiz da causa deu no, por assim dizer, precipitado promotor que cuida do caso!
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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