Se há algo de que os artistas musicais brasileiros não devem sofrer é baixa auto-estima. Não há em absoluto motivos para isso. É grande a lista de mediocridades que conseguem a proeza de ser, a um só tempo, sucesso de público e crítica: de Raul Seixas a Legião Urbana, de Caetano Veloso a Marisa Monte, passando por Ana Carolina, Jairzinho Oliveira e inúmeros outros.
Os Novos Baianos merecem estar na lista. O seu Acabou Chorare é um disco na melhor das hipóteses sofrível, mas, não muito raramente, é apontado como um dos grandes álbuns brasileiros de todos os tempos. Clamoroso exagero!
Há, todavia, que se dar um desconto ao velho tempo, crudelíssimo para os dois principais integrantes do grupo, Moraes Moreira e Baby Consuelo (Baby do Brasil). As carreiras solo erráticas de ambos não permitem uma distanciada boa vontade com o trabalho ora comentado. Fazemos tal ressalva em nome da honestidade, para que o leitor saiba que - a exemplo do que ocorre com a maioria das boas críticas musicais - há muita idiossincrasia também nesta rasteiríssima análise.
Acabou Chorare, o disco, e os Novos Baianos, a banda, têm inegável importância histórica e cultural: o álbum é parte do rescaldo da tropicália, com a sua mistura de rock, samba, velha guarda, folclore; e o grupo apegava-se à idéia de comunidade, vida conforme a natureza, paz e amor, algo meio hippie enfim. Desse modo, disco e banda estavam bem antenados com o espírito dos anos 1970.
O fato de a maioria das canções ser entoada ora por Baby ora por Moraes atrapalha sobremaneira a fruição do trabalho, sendo recomendado somente para os fãs de carteirinha de ambos os vocalistas. Infelizmente, as entoadas por Paulinho Boca de Cantor também não ajudam, principalmente por ter ele um timbre de voz que faz lembrar o irritante “Caê”, já devidamente “homenageado” nesta resenha.
Não fossem estes detalhes, e o álbum seria um pouco mais aprazível. Lamentavelmente, tais “detalhes” representam mais de 90% do disco...!
Ouça trecho de "Um Bilhete Pra Didi", de Jorginho Gomes, talvez o melhor momento do álbum de 1972. Sintomaticamente, uma canção instrumental!
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
6 comentários:
costumo lançar alguns imprópérios aos domingos. são dirigidos, aos jogadores indecentes do time que torço, à população que resolve ir ao mesmo restaurante que eu, me forçando almoçar às cinco, aos telepestadores de Fausto Silva e Sívio Santos, música do Fantástico, ao próprio domingo, aos integrantes do Manhattan Connection e aí sobra alguns para o Alvaro Pereira Jr., para a segunda, porque ele quase sempre escreve contra alguém da mpb, que eu gosto. e crítico musical você sabe, na hora da raiva nós sempre achamos, se ele não gosta do artista que gostamos, que o cara é um mané.
os imprópérios ao Alvaro Pereira Jr., sobraram para você, rs. Mas assim como faço com ele, depois de resmungar, analiso o texto e compreendo. Não concordo, mas compreendo. Bola prá frente. Mas ficarei atento.
um P.S. aqui, como algumas letras, desculpas. Sorte sempre.
Imagino, meu caro Pedro, quantos impropérios não foram proferidos por aí! Tenho sorte de (por enquanto) ser desconhecido, porque, caso contrário, além dos xingamentos, ainda levaria uns sopapos, com certeza!
Grande abraço e obrigado pelos comentários.
Hahaha... onde estão os teus outros textos? Por favor, queria rir mais um pouco!
"Besta é tu, besta é tu!"
Fernando, meu caro, como eu sempre digo: leve para o lado bom. Não nos esqueçamos do Nelson Rodrigues e aquele papo acerca da unanimidade. Nesse caso, ainda bem que ela não se faz presente!
Abraço!
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