A imprensa deleitou-se com fotos de encontro do ex-presidente Lula e do candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, com o deputado Paulo Maluf. Destacaram, de forma intensa, o "acordo do PT com Paulo Maluf", nestes termos. Ou seja, para a imprensa ocorreu o acerto entre um partido político e uma figura política.
O enfoque escolhido pelos meios de comunicação tenta claramente proceder a uma distorção, com fins ideológicos. Em realidade, a aliança é entre PT e PP para a disputa da capital paulista. E nela, por lógico, não pode haver nada de muito estranho, haja vista que os dois partidos têm mantido civilizada convivência desde 2003, no primeiro governo Lula.
Destaque-se que, quando, há poucas semanas, o PR juntou-se ao PSDB na cidade de São Paulo, não se viram estampas do tipo PSDB se alia ao "mensaleiro" Valdemar da Costa Neto; tampouco houve quem tripudiasse sobre intelectuais tucanos terem que engolir Tiririca e Agnaldo Timóteo, ainda que somente pela corrida municipal deste 2012.
A aliança PT-PP, para fins eleitorais, com toda a simbologia da união, sacramentada por caciques tidos como díspares - Maluf e Lula - nada mais é do que um simples fato inserido no contexto histórico mais amplo que é o das combinações partidárias capazes de permitir resultados eleitorais inesperados e, principalmente, a garantir a tal da governabilidade.
Após a queda de Collor, parece que a caiu a ficha da necessidade de maior arrojo das coalizões. Para quem não se lembra, o ex-presidente Itamar Franco conseguiu, com a oposição do PT, até trazer para seu governo uma então estrela do partido, ninguém menos do que Luiza Erundina! Seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso, sem maiores problemas aliou-se ao velho PFL; o mesmo FHC, na campanha de reeleição em 1998, a despeito de ter Mário Covas disputando o governo de São Paulo pelo PSDB, não viu problemas em aceitar o apoio -posando sorridente para fotos e tudo - do grande adversário do candidato de seu partido naquela ocasião: Paulo Maluf!
Pode-se até argumentar que talvez Lula e o PT estejam levando essa história de alianças e acordos ao paroxismo. Mas ela, com certeza, não é invenção do ex-presidente nem do seu partido. Aos trancos e barrancos, essa geleia geral tem permitido razoável governabilidade, a despeito dos entraves que provoca. Se é errada, o tempo dirá e julgará. E eventual condenação, num ambiente desapaixonado, por questão de justiça não poderá jamais recair somente sobre o Partido dos Trabalhadores e o seu mais importante fundador.
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