domingo, 21 de fevereiro de 2010

O PT em São Paulo

Após o escândalo do chamado “mensalão”, em 2005, não faltou quem dissesse que o Partido dos Trabalhadores logo se dizimaria. Isso nem de longe ocorreu. Entretanto, no Estado de São Paulo, parece que a coisa não vai nada bem para o partido, que corre o risco de ficar sem candidato em 2010. O propalado conservadorismo paulista, fama reforçada pela hegemonia tucana de 16 anos com altíssima probabilidade de se estender por mais quatro, não parece ser suficiente para explicar a falta de alternativas petistas para este ano eleitoral.

Na corrida presidencial, parece já não haver dúvidas de que o PT terá uma candidatura forte e altamente competitiva, para o horror dos agourentos que achavam que o partido soçobraria em virtude de não poder contar, depois de cinco pleitos, com o nome de Luiz Inácio Lula da Silva na cédula (na urna!). Em alguns estados importantes, como o Rio Grande do Sul, por exemplo, candidatos petistas aparecem com grandes chances eleitorais. Já em São Paulo, a despeito de nomes de envergadura, como Marta Suplicy, Antonio Pallocci, Eduardo Suplicy e Aloízio Mercadante, não há demonstrações, ao menos por enquanto, de que as boas ondas petistas em nível nacional possam chegar ao Estado.

O aparente fracasso do PT na maior Unidade da Federação surpreende em vista de resultados históricos do partido no Estado: sempre elegeu bom número de deputados federais, conta com dois senadores da República (sendo que um deles no terceiro mandato consecutivo) e administra cidades grandes e importantes, como Guarulhos, Osasco, Mauá, Diadema e São Bernardo do Campo.

Na capital paulista, desde a eleição de Luiza Erundina em 1988, o PT está, por assim dizer, sempre nas “cabeças”: em 1992, foi ao segundo turno com Eduardo Suplicy, derrotado por Paulo Maluf; em 1996, novamente com Erundina, derrotada por Celso Pitta; venceu com Marta Suplicy em 2000; Marta vai para o segundo turno em 2004, perdendo para José Serra; por fim, em 2008, novamente Marta vai para o segundo escrutínio, sendo derrotada por Gilberto Kassab.

No pleito estadual, em 2002, por força da “ventania petista”, nas palavras de Paulo Maluf, o segundo turno contou com a presença de José Genoíno, que perdeu a eleição para Geraldo Alckmin. Em 2006, o PT ficou em segundo lugar, mas derrotado já no primeiro turno para o atual governador, José Serra. Em disputas anteriores, o partido marcou presença nada desprezível com figuras como o já citado senador Suplicy e o hoje integrante do PSol Plínio de Arruda Sampaio.

Como se vê, o Partido dos Trabalhadores não é uma “galinha morta” em São Paulo, causando surpresa, portanto, a sua apatia em relação à corrida estadual de 2010. Até mesmo o nome de Ciro Gomes, do PSB, chegou a ser cogitado para encabeçar uma chapa, com o apoio do partido de Lula, que, dizem, é avalista pessoal da iniciativa. Vez ou outra, ouve-se falar de Emídio de Souza, prefeito de Osasco, e de Fernando Haddad, ministro da Educação, mas nada de muito concreto ou com a famosa empolgação que, geralmente, marca as decisões do partido. Trata-se, com efeito, de um incompreensível - até aqui - jogar de toalhas do partido que nasceu há exatos 30 anos, justamente no Estado de São Paulo.

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