quarta-feira, 29 de julho de 2009

Jean-Luc Godard - Alphaville (1965)

Alphaville é um filme visionário e arcaico ao mesmo tempo: Godard aponta o futuro, com uma sociedade totalitária, dominada por uma máquina, enquanto explora os recursos de "preto-e-branco", dando um toque absurdamente sombrio às suas imagens, passando um ar retrô aparentemente inspirado nos velhos filmes noir dos anos 1940.

Como boa referência na seara literária, impossível não pensar no 1984, de George Orwell. Pode-se, por isso, classificar Alphaville como uma distopia, e a exemplo do livro do romancista inglês, de conteúdo essencialmente político.

No clássico filme, a já sugerida fotografia em 'preto-e-branco', o 'livre' e 'ocupado' dos gabinetes de interrogatório, o 'Figaro Pravda' de 'Ivan Johnson' são metáforas para falar de um mundo marcado por pólos antagônicos, claramente representados nos seculares conceitos de "direita" e "esquerda", e isso em pleno auge da Guerra Fria!

Como se não bastasse, Godard, inteligentemente, escolheu o computador para ser o grande dominador. Afinal, nada mais dual do que o código binário para representar uma sociedade maniqueísta e dividida.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Torcida

Em recente entrevista ao Roda Viva, o economista Luiz Gonzaga Belluzo afirmou que as previsões econômicas nada mais são do que pura torcida dos que as proferem. Não é à toa que se vêem sempre os mesmos catastrofistas fazendo vaticínios na mídia, que, por sua vez, se esquece de cobrá-los dos erros não raro grosseiros que cometem.

A bola da vez no assunto predição econômica é a iminência de crise fiscal que explodirá circa 2011, a qual deixará para o sucessor de Lula – garantem dez entre dez economistas, valendo-se de expressão usada pelo petista em relação a FHC – uma verdadeira “herança maldita”.

Tal prognóstico baseia-se na queda de arrecadação, verificada nos primeiros seis meses do ano de 2009, associada a suposto aumento de gastos públicos, especialmente com folha de pagamento do funcionalismo, além de mudanças no cálculo do superávit primário que estariam abdicando de esforço fiscal às duras penas mantido durante o governo Lula.

A previsão de descontrole das contas públicas talvez não passe mesmo de torcida, como sugere Belluzo, pois desse modo já se prepararia o terreno para acusar Lula da débâcle de futuro governo, sobretudo se este for do protegido da mídia, o governador José Serra; de outro lado, se for a ministra Dilma a escolhida, o fracasso teria pelo menos o condão de fechar as portas para o retorno do atual presidente, em 2014.

Já a velha e boa realidade, sempre a pregar peças nas apostas precipitadas, diz que, em verdade, a queda na arrecadação, na casa de 7% no acumulado do primeiro semestre, não chega a ser uma tragédia, inclusive porque até o terceiro trimestre de 2008, ou seja, no chamado período pré-crise, a economia crescia de forma bastante robusta, deixando a comparação desigual. Há de se obtemperar que a “marolinha”, como não poderia deixar de ser, acabou trazendo pequena retração da atividade econômica, fator que obviamente reflete na diminuição das receitas públicas. Ademais, o Governo Federal, como parte de sua política anticíclica, fez mudanças no Imposto de Renda da Pessoa Física e na cobrança do IPI, de modo a abdicar de receita em favor do consumo e da geração de renda. Noutras palavras, a queda na arrecadação faz parte do script.

A tal crise fiscal, conforme prognosticada pelo coro dos descontentes e consoante já dissemos, explodiria o mais tardar em 2011. Para que isso venha de fato a ocorrer, os gastos públicos teriam que aumentar radicalmente e de forma sustentada, pois até os “torcedores” mais pessimistas prevêem crescimento do PIB na casa de 4% em 2010. Se no ano de 2009, que já viu no seu primeiro trimestre a economia recuar perto de 1%, tem-se manchetes indignadas com recordes de “carga tributária”, o que não se pode realmente esperar do ano tendente a apresentar crescimento de 4%? Falando sério, será que dá mesmo para comprar a tese do desequilíbrio fiscal em futuro tão próximo?

E aqui não faremos previsões, até porque não somos economistas e nada entendemos da ciência de Srafa e Myrdal, mas vamos, isto sim, admitir nossa “torcida” de que não teremos crise fiscal tão cedo; vamos, ao contrário, “apostar” em incremento de arrecadação em 2010. “Recordes históricos” virão por aí!

sábado, 18 de julho de 2009

Virgens no bordel (copyright Jabor!)

Paulo Maluf foi padrinho de casamento de Fernando Collor de Melo.

O deputado Fernando Collor votou no candidato Paulo Maluf para presidente, em eleição indireta no colégio eleitoral, contra Tancredo Neves.

No segundo turno da disputa presidencial de 1989, Paulo Maluf ofereceu seu apoio para o candidato Collor, contra Luiz Inácio Lula da Silva.

Collor recusou o apoio de Maluf, o que provocou a ironia do velho político paulista:

- Servi para ser padrinho de casamento. Servi até para ser presidente da República. Agora, para dar um simples apoio não sirvo???

Lembro-me vagamente dessa história. Ela é tão boa que, acredito, não deve ter sido criada pelo meu subconsciente!

Impossível não se recordar dela ao ver a reação que o encontro de Lula e Collor despertou na imprensa e em alguns de seus colunistas, além de em alguns leitores missivistas, todos enojados com a imagem do abraço entre o ex e o atual presidente, adversários ferrenhos no pleito de 1989.

A grande imprensa, majoritariamente, apoiou o Sr. Fernando Collor na primeira eleição direta para presidente após a redemocratização. Como se sabe, o público de perfil mais conservador, por sua feita, não se fez de rogado e, sem maiores cerimônias, também caiu, de corpo e alma, nos braços do "caçador de marajás".

Irresistível, pois, não parafrasear Maluf: para eles, Collor serviu direitinho para ser presidente da República; agora, senador eleito, não serve nem para receber um simples cumprimento público do presidente em evento oficial???

Está em ação o velho "homem cordial" de que fala Sérgio Buarque de Hollanda no clássico Raízes do Brasil. Mas não pense que a cordialidade mencionada se refere ao gesto de civilidade do presidente Lula e do senador por Alagoas. O senso comum faz pensar que é disso que se trata quando se fala do homem cordial. Em verdade, a palavra "cordial", como sabido, vem de "coração". Tal expressão, portanto, é cabível também - ou principalmente - naquelas situações em que agimos de forma tresloucada, de maneira irracional, pondo a emoção à frente. Portanto, a idéia também concerne àquelas situações em que as pessoas se deixam levar pela pessoalidade pura e simples, sem maior apreço pelo republicanismo.

Dessa forma, que se dane a disputa política civilizada, que se dane a governabilidade, que se dane o respeito mútuo entre políticos que um dia foram adversários. Que viva o ódio! Que viva a inimizade! Viva aquela pequenez de gestos que, curiosamente, fingimos condenar no dia-a-dia!

Assim sendo, os jornalistas e alguns leitores, além da hipocrisia acima sugerida, estão agindo de forma "cordial", no sentido de que não estão dando pelota para a razão, a qual sem dúvida aconselharia não haver motivos para desespero ao ver que dois políticos brasileiros, eleitos pelo voto direto, preferem trocar cumprimentos em vez de sopapos num evento público!

Os admiradores de Sérgio Buarque de Hollanda talvez se sintam desconfortáveis ao ver o nome do grande intelectual num texto em que foram proferidas, com certa liberalidade, as graças de Paulo Maluf e de Fernando Collor de Melo. Pois para piorar as coisas, vou terminar usando uma expressão comum na boca do também (talvez até mais) desprezível Arnaldo Jabor: a maior parte dos que se mostraram indignados com o abraço do presidente e do senador, eleitores entusiasmados de Collor que provavelmente foram um dia, nada mais fazem do que se comportar como "virgens no bordel"!

sábado, 11 de julho de 2009

Que independência?

No dia 09.07.2009, a jornalista Eliane Cantanhêde participou de bate-papo promovido pelo UOL sobre a crise no Senado. Vários internautas enviaram perguntas à especialista em política brasileira, pessoa que acompanha tudo muito de perto, de Brasília.

Faltou inspiração à maioria das perguntas, em geral óbvias, e que, talvez por isso, mereceram respostas básicas, do tipo que nada acrescentam.

Mas a melhor pergunta, senão a única realmente boa, não somente ficou sem resposta, como ainda sofreu o desprezo da colunista da Folha. Transcrevo o trecho abaixo:

(05:35:45) Dante fala para eliane cantanhêde: Uma questão urgente. Que se acuse ou investigue o Sarney. Mas a imprensa faz é campanha. Por que não faz o mesmo com as graves acusações contra o senador Arthur Virgílio? Ou com o rumoroso caso do governo do Rio Grande do Sul?

(05:37:24) eliane cantanhêde: Dante: Ih, pronto. Você é daqueles que, em vez de enxergar os fatos, os atos, os cheques, as provas, prefere ficar culpando a imprensa. Campanha??? E o que você diz sobre parentada, mordomo, Fundação Sarney, ato secreto, etc. etc?


Diz ela que o rapaz culpou a imprensa antes de enxergar os fatos. Ora, como pode, se a primeira coisa que o moço fala é para se acusar ou investigar Sarney?! Ele apenas em seguida pondera que o mesmo deveria ser feito com o Arthur Virgílio, também no Senado, ou sobre a administração no mínimo polêmica da gaúcha Yeda Crusius.

Vejam que Eliane Cantanhêde se esquiva da pergunta. E olha que ela poderia tê-lo feito com mais classe, dizendo que o caso da governadora do Rio Grande do Sul não cabia na discussão, embora de todo modo ficasse faltando maiores explicações do porquê de não haver tanto furor investigativo no caso dela. Já os problemas do senador Arthur Virgílio eram, sim, assuntos que poderiam ser abordados no bate-papo, o que teria sido uma ótima oportunidade para o conhecimento da opinião pública, haja vista que as trapalhadas do senador amazonense têm sido relativamente negligenciadas pela mídia.

Uma primeira lembrança: o bate-papo não era sobre a situação de José Sarney, mas sim sobre a “crise no Senado”. Veja como foram as chamadas da Folha Online (com os nossos grifos):

Leia íntegra do bate-papo com Eliane Cantanhêde sobre a crise no Senado

A jornalista Eliane Cantanhêde, colunista da Folha e da Folha Online em Brasília, participou de bate-papo nesta quinta-feira (9) sobre os escândalos no Senado.

Converse agora com a colunista da Folha e da Folha Online, Eliane Cantanhêde, sobre a crise do Senado.

Ou seja, se a discussão era sobre crise no Senado, a jornalista não poderia ter feito pouco caso do internauta que quis ouvir um pouco mais sobre Arthur Virgílio, que até onde se sabe é senador da República, e é apenas mais um – ao lado de Heráclito Fortes, Efraim de Moraes - dos que estão no turbilhão crítico daquela Casa.

Uma segunda lembrança: Virgílio e Yeda são do PSDB, portanto não são aliados do governo do presidente Lula. A imprensa não vem, ao que parece, fazendo muita questão de esconder que seu negócio é fazer oposição ao Governo Federal, ao governo do PT. E ponto final.

Observe-se que a própria Eliane Cantanhêde escreveu coluna nesta mesma semana intitulando a imprensa a que serve como “independente”. Seu colega Clóvis Rossi, que ao lado dela também é ironicamente colega de página de José Sarney às sextas-feiras, fala, no dia 10.07.2009, que a história de “mídia golpista” é coisa de político enrascado e de imprensa chapa-branca.

Pelo que se vê, os grandes jornais não querem esconder o oposicionismo ao governo, quase como se nada mais fizessem do que sua obrigação. O próprio presidente Lula já o observara na famosa entrevista à revista piauí: a coisa mais dura para um jornalista, disse ele, é ser tido como chapa-branca. Por muito pouco, os colunistas da Folha não o confessam: “não queremos nunca ser chamados de chapa-branca, por isso faremos todo tipo de oposicionismo sistemático que fustigue o governo”.

Esperemos, sinceramente, que seja só isso. Mas não nos esqueçamos que Sarney, além de aliado de Lula, é desafeto de José Serra, e por isso é importante que preventivamente se lhe tire qualquer resquício de respeitabilidade, para o caso de ele voltar seu arsenal contra o governador paulista. É bom lembrar também que os donos de jornais andam muito bravos com a democrática medida do governo Lula de diversificar os contemplados pela publicidade governamental. Sabe como é, quando mexem com o bolso... Maquiavel, em contexto um tanto diferente, disse que o homem esquece mais depressa da morte do próprio pai do que da perda do patrimônio. Pode advir daí a bronca com o atual presidente: incluiu digitalmente boa parte da população, enfraquecendo, de forma indireta, o suposto poder (leia-se grana) da grande mídia; e de maneira direta, tira-lhes verba de que sempre estiveram acostumados e as repassa para pequenos meios de comunicação Brasil afora.

A grande imprensa e seus colunistas não gostam, mas é democrático!

Mas sejam quais forem os motivos de tanta “independência”, a grande verdade é que ela não precisaria poupar tanto os senadores do DEM e do PSDB, nem a governadora gaúcha, tampouco a aliança de Quércia e Serra em São Paulo, esta tão estarrecedora quanto a de Lula e Sarney. Ah, tá, mas a "independência" é só em relação ao governo Lula!

sábado, 4 de julho de 2009

Os 6 (seis) anos do Plano Real!

Nesta semana, muito se falou dos quinze anos do Plano Real, comemorado dia 1º de julho. Como já era de se esperar, a mídia, juntamente com seus colunistas e articulistas, pegou pesado no puxa-saquismo a Fernando Henrique Cardoso.

Um pouco de história: o Plano Real foi obra do governo Itamar Franco. O sociólogo Fernando Henrique foi seu ministro da Fazenda, liderando, nessa posição, um grupo de verdadeiros economistas como André Lara Rezende e Pérsio Arida, certamente mais importantes na elaboração do programa do que ele, FH. Mas o mais importante a se destacar é que FHC já não era mais ministro no fatídico 1º de julho 1994. Coube a Rubens Ricupero a tarefa de conduzir o início do plano, talvez no seu momento mais difícil. Derrubado por uma parabólica, Ricupero foi substituído pelo pindamonhangabense Ciro Gomes. Parece-nos óbvio que Ciro e Ricupero foram mais importantes para o Real do que o ex-presidente Cardoso.

Tudo poderia ser pura babação de ovo da mídia para cima de FHC, mas, como eles não dão ponto sem nó, talvez seja uma desesperada tentativa de melhorar a imagem do ex-presidente, haja vista que nas eleições de 2010 o PT certamente terá um “patrono” de quem se orgulhar, e não seria de bom tom o PSDB ir para a terceira eleição consecutiva fingindo que Fernando Henrique nunca existiu.

Mas em meio a tanta celebração salvou-se equilibrada reportagem da Agência Brasil. O especial do sítio noticioso falou dos méritos do plano e dos avanços obtidos graças à estabilidade que, desde então, passou a ser um “dogma saudável” de nossa economia. Porém, graças a importante intervenção do economista Ricardo Amorim, do IPEA, foi dado também o lado sombrio do Plano Real, aspecto devidamente esquecido na grande mídia. O plano, para dar certo, teve que, de algum modo, provocar pequenas quebradeiras na economia brasileira – talvez sem alternativa, acrescentamos generosamente. A memória inflacionária, ou componente inercial ou o nome que se queira dar era muito forte, e qualquer aquecimento manteria a inflação a pleno vapor. Para matar o dragão era preciso exagerar no remédio. Desse modo, apostou-se no dólar barato, pois assim entrariam importados aos montes no país, o que impediria a subida dos preços dos produtos nacionais. Em conseqüência, com os importados tomando conta, a indústria nacional se ressentia, pois não tinha como concorrer com a enxurrada de produtos mais baratos; as exportações, por seu turno, eram desestimuladas pelo dólar na rédea curta das bandas cambiais. Resultado: desemprego e achatamento de salários. Desempregado não compra; salários baixos também não ajudam. Noves fora, inflação fica controlada. Eis um lado nefasto - talvez necessário, não descartemos - que não cairia mesmo bem mencionar num dia de aniversário!

As análises na grande imprensa também não pouparam Lula e o PT, que, segundo os adorados escribas da mídia, teriam combatido o plano em seu início, mas no final das contas acabaram descobrindo a importância da estabilidade e dado seqüência ao bem-sucedido plano de FHC (na verdade, de Itamar). Ora, bem que as críticas podiam ser ainda mais duras com o governo petista que ora comanda o Brasil, acusando-lhes, Lula e seu partido, de serem mais realistas do que o rei, pois no fundo o governo que se iniciou em 2003 é que de fato salvou o plano de estabilização iniciado por Itamar, em alguns momentos pegando até pesado demais nessa coisa de controle da inflação (alô, Meirelles!). Talvez não seja errado dizer que a estabilidade só passou a ser um valor seguro mesmo sob Lula. Se o leitor se der ao trabalho de dar uma pesquisada, verá que no final do segundo mandato de FHC a inflação já havia passado de dois dígitos; Lula assumiria seu primeiro mandato sob a égide de uma economia mais ou menos descontrolada, com poucas reservas internacionais, risco-país explosivo, dívida pública de mais de 50% do PIB e dólar fora de controle.

Hoje, mesmo com “a maior crise da história do capitalismo”, o Brasil se segura bem, tirando uma marolinha aqui, outra ali. É, portanto, muita desonestidade intelectual querer dar os créditos da razoável saúde que ora goza a economia brasileira ao governo anterior, justamente um governo que costumou atribuir suas dificuldades (ou seus fracassos mesmo) a crises internacionais muito menores do que as que o mundo observa hoje. Não sei quanto a vocês, mas isso sempre me pareceu ilógico, afinal, como pode o governo bem-sucedido que enfrenta crise maior ser considerado mera cópia de outro que sucumbiu por "marolinhas" localizadas e de menor intensidade?

Caso se queira associar o “Real” à idéia de estabilidade, ter-se-á que mudar sua idade e passar a considerá-lo como tendo seis anos, pois este é o tempo em que ele se mostra realmente sólido e estável. E se a alguém se deve atribuir o sucesso da estabilização, forçoso seria reconhecer a importância de Lula, pois sob ele, sim, a luta contra a inflação foi realmente levada a sério e, mais do que isso, foi efetivamente vencida. E olha que nada disso deve ser tomado como elogio na sua plenitude, não, pois para alcançá-lo foi preciso muito remédio amargo: os juros altos que ajudam os bancos, inibem a produção e desempregam; e a busca cega pelo superávit primário que tira dinheiro da saúde, da educação e da promoção social. Digamos que é uma espécie de PT americanizado: No pain, no gain!