sábado, 28 de janeiro de 2012

Eleições municipais - São Paulo 2012

No último 25 de janeiro a cidade de São Paulo completou 458 anos de vida. Em ano de eleições municipais, o melhor presente que a cidade pode receber é alguma reflexão sobre o que o pleito deve representar para sua realidade e seu futuro.

Esta corrida eleitoral de 2012 parece que guardará diferenças significativas em relação à disputa de 2008. Há quatro anos, nossa preocupação era com o protagonismo de políticos que pareciam não ter na chefia da administração municipal o maior significado de suas vidas. O PT apresentava-se, então, na briga com Marta Suplicy, ex-prefeita e nome sempre cotado para o governo do estado, pelo que talvez, se eleita, não hesitasse em abandonar a prefeitura para disputar o outro cargo; já o PSDB naquela feita pleiteava o comando do município com Geraldo Alckmin, que já tinha sido governador e fora candidato à presidência da República, nome que decerto não se contentaria com o "rebaixamento" do cargo de prefeito.

Em 2008, por incrível que pareça, a vitória de Kassab talvez tenha premiado o candidato que, naquele momento, era o mais comprometido com o município, aparentemente menos interessado em usar a prefeitura de São Paulo como trampolim para interesses políticos maiores - bem, o "praticamente" abandono da cidade com vistas à criação do PSD veio a demonstrar que tal cálculo também estava errado! Pobre São Paulo e sua sina...

A despeito do negativo exemplo de Kassab, este pleito de 2012 pode ter como diferencial justamente a presença de candidatos que, num primeiro momento, não parecem granjear objetivos eleitorais em instâncias maiores. O único nome certo no páreo é Fernando Haddad, do PT, ex-ministro da Educação nos governos Lula e Dilma, que, a exemplo da sua "chefe" mais recente, nunca disputou uma eleição antes. Também ex-secretário de Marta Suplicy, Haddad não é neófito nas coisas da máquina municipal. Tudo indica que sabe o que está fazendo e, principalmente, querendo. No partido de gente como Marta, Mercadante, Ruy Falcão, não se pode desde já supor que, em 2014, um fortalecido Haddad, se o caso, abandonaria a cidade de São Paulo para candidatar-se ao governo do estado. Merece o benefício da dúvida, pelo menos.

O PSDB ainda não tem nome definido. O partido deve passar por prévias. Decidido, por enquanto, está que José Serra não será o candidato. Ótimo para a cidade, uma vez sabido que o ex-governador não abandonou o sonho de levar a presidência da República. Se disputasse a corrida de 2012, fá-lo-ia meramente de olho em ter um cargo somente para ganhar visibilidade, com vistas à corrida presidencial de 2014. Convenhamos, uma megalópole de 12 milhões de habitantes precisa de um governante verdadeiramente comprometido com seus rumos. Não seria, obviamente, o caso de Serra. É reconfortante, pois, saber que o PSDB, a exemplo do PT, não se apresentará ao eleitor paulistano com um "escalista eleitoral".

O quadro na cidade para este 2012, portanto, ainda está bastante indefinido. Como exposto, a poderosa força política representada pelo PSDB ainda não tem candidato; não se sabe, por enquanto, o que Kassab e o seu PSD farão; o famigerado PMDB e seu Gabriel Chalita também ainda não deixaram claro o que farão; apesar de pesquisas favoráveis, não dá para vislumbrar que dimensão tomará o apoio do ex-presidente Lula a Fernando Haddad; quanto a Haddad, impossível também dimensionar como o seu desempenho no ministério da Educação afetará seu resultado eleitoral: este blogueiro, por exemplo, considera a atuação dele naquele ministério bem acima da média, mas, de outro lado, tem um esforço do aparato midiático em provar o contrário. Aguardemos.

É inegável que a capital de São Paulo apresenta forte tendência conservadora. É perceptível também, sobretudo nos chamados estratos médios, um certo antipetismo, como já até defendido por colunistas da grande mídia, além de notória insensibilidade social. Entretanto, resultados históricos recentes - aliados à sempre crescente complexidade geográfica e demográfica da metrópole - permitem enxergar outras nuanças e, consequentemente, variar os tipos de análise. Fica para um próximo post.

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