sábado, 11 de agosto de 2012

O imprensalão


Que papelão da imprensa, hein?

Nos últimos meses, matérias enviesadas e colunistas e âncoras raivosos estavam conseguindo me convencer de que havia, de fato, um  clamor pelo julgamento do chamado mensalão. Um clamor decerto subterrâneo e silencioso, já que eu não ouvia muita gente dando bola para o assunto. De todo modo, muitas das ondas e movimentações sociais ocorrem na surdina, na moita, o que dava verossimilhança à gritaria acerca do irrefreável desejo da opinião pública em assistir ao "julgamento do século".

Pois bem. Iniciado o julgamento, com barulheira, matérias especiais, cadernos especiais, discussões com especialistas etc.,  e o que se vê? Tirando os muito politizados e os interessados de sempre, ninguém está dando a menor bola. A bem da verdade, nem mesmo os mais politizados parecem estar muito entusiasmados com o assunto.

Conclui-se disso que colunistas, diretores de jornalismo, âncoras, redatores, editorialistas mentiam e manipulavam, com a clara intenção de "meter a faca no pescoço" do STF, ou seja, pressionar a instância máxima do Judiciário brasileiro. Tudo bem pensando com o fito de contaminar o processo eleitoral deste 2012.

Agora o pior.

Iniciado o julgamento, com pompa e circunstância, depois de todo o bombardeio midiático e o inegável prejulgamento dos "mensaleiros" e da "quadrilha" denunciada pela Procuradoria-Geral da República, a impressão que dá é a de que, dada a voz ao contraditório, o jogo começa a virar de forma até um tanto humilhante para os algozes.

Posso estar enganado, mas a sensação é a de que as defesas estão, de modo geral, dando um show, desbancando com folga a acusação, e principalmente estão contando um lado da história que a imprensa sonegou ao público durante esses anos todos, o que neste particular é um belo tapa na cara dos meios de comunicação, sempre muito preparados a encher a boca para falar de democracia.

Mas o que mais me intriga é que, enfraquecidas as teses da acusação como parecem estar, não se vê a outrora dedicada imprensa, com seu jornalismo investigativo e blá blá blá, vir a campo para contra-atacar, mostrando que o tal mensalão realmente existiu, que foram compradas, sim,consciências de congressistas, que aquele foi, realmente, o "maior escândalo de corrupção da história do Brasil".

É claro que, como todos sabemos, o que realmente vale, para a Justiça, é o que está nos autos. Mas não é possível que a imprensa que falava do tal mensalão com tanta carga emotiva, com termos tão grandiloquentes, simplesmente não tenha, agora, nada para mostrar.


De qualquer forma, como bem disse um advogado famoso anos atrás, "de bumbum de neném e de cabeça de juiz não se sabe o que pode vir". Portanto alguns dos dorminhocos ministros do STF podem até achar que houve mensalão mesmo, que é todo mundo tão ou mais criminoso do que a mídia havia assegurado, que a "opinião pública" quer resposta exemplar etc etc etc. De todo modo, é difícil apagar a impressão de que a imprensa, neste caso, se prestou a um dos papéis mais ridículos de sua história. E olha que não foram poucos, hein?!

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