sábado, 6 de fevereiro de 2010

Por que não divulgar pesquisas

Muitos não acreditam em pesquisas; e há os que acham que o grande problema delas está na sua divulgação. Estes argumentam que o resultado das pesquisas podem influenciar o eleitor de forma não muito salutar, tornando-as um campo fértil para todo tipo de tentativa de fraude e manipulação.

A ideia é que, ao mostrar um candidato "x" em primeiro lugar ou em ascensão, pode-se vitaminar as intenções de votos nele, especialmente por parte de um grupo que poderíamos chamar de "lumpen-eleitorado", ou, ainda, dos indecisos. De outra parte, pode ocorrer o "desvio" de votos que iriam para um candidato "y" em favor de um candidato "z", pois o eleitor pode ver neste uma figura mais competitiva num segundo turno: o famigerado voto útil.

É de se presumir que a TV Globo esteja entre os que veem na divulgação a principal arma política das pesquisas. Segundo informações na internet, a emissora, em seu principal telejornal, simplesmente desprezou um dos fatos políticos mais importantes das últimas semanas: o crescimento vigoroso das intenções de voto da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para a sucessão do presidente Lula, medido pelos institutos Vox Populi e Sensus.

Os responsáveis pelo jornalismo global podem até ponderar que a emissora é contratante do IBOPE para o mesmo tipo de pesquisas e que em outras sondagens, nas quais a ministra não ia muito bem, também não fez questão de divulgar dados de concorrentes do instituto dirigido por Carlos Augusto Montenegro. De qualquer forma, é inegável o peso jornalístico da subida da ministra Dilma, que, afora ser um fato novo, é sem dúvida evento mais relevante do que o de ela, novata em eleições, ficar atrás de políticos governadores de estado ou já candidatos a presidente em outras oportunidades.

A tese que defendemos aqui é a de que a Globo simpatiza muito - para dizer o mínimo! - com a possível candidatura de José Serra. E, ao não noticiar resultados que apontam tendência de alta da candidatura praticamente certa de Dilma Rousseff, parece realmente deixar claro que acredita no fato de que mais importante do que os números de pesquisas é a sua divulgação.

Declarada a nossa suspeita, admitamos que não é nada reconfortante saber que a principal emissora de televisão do país, claramente partidária e fortemente ligada a determinado instituto de pesquisas, pareça acreditar tanto no poder que pode extrair de um simples ecoar de resultados de sondagens eleitorais.

2 comentários:

pedro geraldo disse...

Até acho que o contrato da Globo com o IBOPE, não justifica, eclipsar outras pesquisas, coisa que a emissora já fez em outras ocasiões.
É estratégia de "campanha", não declarada, mesmo, que poucos veem como, acintosa. só aqueles interessados.
Mas, mais do que a imprensa com seu joguinho sujo, me assusta, o enorme número de e-mails, que recebo semanalmente, de gente que até bem constituída,acreditando e divulgando, uma bobajada sem sentido e persecutória. eu tenho medo é desses.

abraços

iendiS disse...

Pedrão,
não fosse a imprensa, e a oposição perdia por w.o.
O negócio dos caras é aliar-se a mídia, falar abobrinhas esperando que os colunistas reverberem. Depois é acreditar que o povo vai ser levado na lábia de apresentadores de TV etc. No fundo, eles nunca deixaram de acreditar no efeito "pedra no lago".
Vamos ver até onde conseguem chegar!

Grande abraço e saudades!