Na tarde do sábado 17.09.2011, reuniram-se no vão livre do Museu de Arte de São Paulo sindicalistas, professores, ativistas, blogueiros e cidadãos comuns com o fim de realizar "Ato Público Contra a Corrupção da Mídia", convocado pelo Movimento dos Sem Mídia.
Bastante oportuno. A luta política, atualmente, passa pelo embate direto com os meios de comunicação. E a questão não é somente a de tomar as dores do governo federal, perseguido de forma desproporcional pela mídia, como já demonstrado por diversas vezes e pelos mais variados atores. Movimentos sociais e categorias profissionais, entre outros, também têm motivos de sobra para começar a enxergar nos grandes grupos midiáticos o seu principal inimigo.
Ainda é forte a lembrança, no campo político, de frase de Judith Brito, da Associação Nacional de Jornais, confessando que a imprensa fazia o papel da oposição no Brasil. De se notar, também, que a oposição política de verdade, desprovida de propostas para o País, tem se mostrado satisfeita em atuar a reboque do denuncismo e do falso moralismo midiático. Daí muitos acreditarem que, porque estritamente política, a briga com os meios de comunicação deveria ser uma mera preocupação do PT - partido político do ex-presidente e da atual presidenta da República - e de seus integrantes.
Nada disso. Vai uma dica para sindicalistas, servidores públicos, movimentos sociais: todos precisam ficar mais atentos ao trabalho de desmobilização e de descrédito que lhes tenta impingir a imprensa. Para os trabalhadores e seus direitos e interesses, o maior inimigo já não parece ser o patrão, mas sim a imprensa, que demoniza sem dó nem piedade seus representantes organizados. Os servidores públicos federais, quando querem aumento, devem mesmo cobrar o comprometimento da presidenta e de seus ministros; mas é preciso compreender que a cruzada ideológica contra os servidores - como pano de fundo à campanha sistemática contra o serviço público - é capitaneada pela mídia. Vê-se que para com os trabalhadores sem-terra, tem-se a impressão de às vezes haver mais hostilidade das grandes redes e jornais do que até mesmo por parte dos latifundiários.
Os professores que tomaram a palavra na manifestação do MASP estavam atentos a esse viés: denunciaram o desejo da imprensa de esconder ou satanizar seus movimentos. Integrante de sindicato dos bancários por sua vez também lembrou do enfoque distorcido e negativo com que os grandes meios tratam as manifestações de trabalhadores, com o claro objetivo de contra eles atrair a antipatia da população.
E se o mote era a corrupção da mídia, o melhor momento da manifestação ficou para a participação de Gerson Carneiro, figura sempre presente nas seções de comentários dos blogues mais sujos do País. Disse ele que a imprensa deveria, só para disfarçar, pegar no pé dos corruptores de vez em quando. Além do que, pediu, que tal a mídia agir com a transparência que cobrava de Palocci, revelando o nome de seus anunciantes envolvidos em caso de corrupção? E mais: como ficam as assinaturas de jornais e revistas dos grandes grupos de comunicação generosamente contratadas pelo governo de São Paulo?
Mais encontros desses Brasil afora e certamente novas perguntas virão. Contudo ficarão sem respostas.
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
Um comentário:
Excelente artigo.Parabéns!
De pleno acordo com sua análise.
No meu entender,temos agora que pressionar para que o Governo Dilma mande logo um projeto de Regulamentação da Mídia para o Congresso. Assim o povo brasileiro terá um texto de referência bem concreto para poder entender do que se trata e debater o tema.
Aqui no Rio vi muitas pessoas que passavam na concentração na Cinelândia para o Ato Público contra a Corrupção na Mídia, convocado pelo MSM,no dia 16 pp,declarando que nunca tinham ouvido falar em "ley de médios" ou Lei de Regulamentação da Mídia ou Marco Regulatório da Mídia.Ignoram simplesmente o tema embora saibam que a Grande Mídia é mentirosa e vive de intrigas contra o Lula e a Dilma. Para o povão carioca,a solução é não dar ouvidos à Grande Mídia, procurar fontes alternativas de informação e debater com as pessoas mais velhas ou que "conhecem política".
Um abraço
Maria Lucia
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