É bom começar a pensar nas mudanças do Acordo Ortográfico.
De tudo o que foi alterado, o que menos apoio é a ideia de não mais se acentuar palavras como ideia. Mas sem dúvida há quem apoie, pois muita gente sempre foi dada a não usar acentos mesmo! Dessa forma, para tais pessoas, não há como não achar tal ideia joia.
Andaram dizendo por aí que o Acordo tem o objetivo de ajudar semianalfabetos. Claro que é besteira. Em verdade, nalguns casos vai ajudar as pessoas, inclusive as de alta formação, naquilo que elas tinham muita dificuldade, ainda que alguma confusão venha à tona. O uso de hífen, por exemplo, sempre foi pautado em geral por regras complicadas, embora a sua aplicação em algumas palavras já fizesse parte do uso cotidiano: neste caso, ficará estranho dirigir-se a uma loja do tipo Casas Bahia e ler o anúncio de guardarroupas em trocentas vezes sem juros (está errado, pois tem juros sim; mas a grafia de guardarroupa estará correta!); na mesma loja poderemos também encontrar outro chamariz de vendas indicando o precinho camarada de um forno micro-ondas – não causaria estranheza se batesse uma dúvida: já era assim, ou mudou por causa do maldito Acordo?
Choradeira frequente tem ocorrido pelo fim do sinal de diérese, conhecido como trema. Ora, muitos já o haviam abolido por conta própria, o que por consequência nos fazia ler linguiça sem trema nos cartazes de açougue ainda antes de 1986, ano em que o Acordo foi idealizado. Aliás, lembro-me de que nos anos 1990 houve um boato de que o sinal de trema já havia sido oficialmente extinto; para provar o contrário, eu exortava os meus oponentes a abrirem as respectivas carteiras e verificarem “os dois pontinhos” devidamente mantidos nas notas de cinquenta reais. O problema é que ninguém nunca tinha uma nota de cinquenta no bolso...
Mas há muito mais do que isso. Por enquanto, pode-se conviver com a velha e a nova ortografia. Mas é só até o final de 2012. É bom já ir se mexendo pois, parece que não, mas o tempo voa. Puxa vida, precisava terminar um texto sobre língua com um clichê tão surrado como esse?
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Ops!!! Dia 21 de junho de 2009, eis que surge uma dúvida, a ser confirmada: parece que guarda-roupa (guardarroupa?) continua sendo guarda-roupa mesmo. Se alguém puder confirmá-lo para nós...
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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