Uma apresentação gratuita de Sonny Rollins no aprazível Parque do Ibirapuera sem dúvida que era programa imperdível.
Não consigo ir ao Parque sem me estarrecer com o disparate que é chegar a ele a pé. É um rematado absurdo que uma das principais áreas de lazer de São Paulo, de alta (e rara) concentração de verde, própria para caminhadas e “bicicletadas”, imponha tão inacreditáveis óbices para os pedestres. De qualquer modo, não deixa de ser didático: isto talvez explique por que a classe média paulistana tem tanta ira de políticos que priorizam o transporte coletivo. Qualquer homem público ajuizado vai sempre facilitar a vida dos que andam de carro, mesmo que seja num lugar onde o tráfego deveria até ser proibido.
Além do excesso de veículos que não me deixavam atravessar a rua, talvez sol e o calor de mais de 30 graus também tenham contribuído para aumentar meu mau humor. Mas havia a certeza de que ele se dissiparia com o show do lendário saxofonista. Dito e feito, o artista, quase octogenário, já apresentando dificuldades de locomoção, mostrou que não há idade para quem lida com a música. Tudo bem, eu sei, é um clichê. Pois bem, aí vai mais um: Rollins, apesar da idade avançada, tocou como um garoto, acompanhado por uma banda competente. E vale dizer que o músico não se escondeu atrás do grupo. Ao contrário, o grande saxofonista solou incansavelmente quase o tempo inteiro e fazia intervenções quando das sessões dos demais músicos.
Pontos altos: a balada “In a Sentimental Mood”, pela força de seu contraste em relação à predominância do hard bop na apresentação; o outro foi a passagem de som alguns minutos antes do show: o pouco público que lá se encontrava vibrou bastante com o ensaio dos músicos, inclusive do próprio Rollins, o que já teria valido a pena para quem, por algum motivo, precisasse ir embora antes do concerto.
Espero que você, leitor, tenha sido um dos privilegiados presentes no Ibirapuera, na manhã de 25 de outubro de 2008.
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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