Do muito que se foi falado sobre a vitória de Barack Obama, o melhor veio da boca do presidente Lula - só para variar um pouquinho! Disse o presidente que a vitória do democrata foi um "feito extraordinário" e que "um negro sagrar-se presidente dos Estados Unidos não é pouca coisa". É verdade e não é de surpreender que Lula o tenha dito. O que causou estranheza mesmo foram os editoriais dos jornais e a comemoração de certa parcela da população brasileira.
Os jornais e algumas figuras aqui do Brasil falaram da trajetória do senador, de suas origens, de quão notável é o fato de alguém como ele chegar ao posto a que chegou, num país em que o racismo não é velado como o nosso, e que também não é dado a aventurar-se ou ter arroubos de modernidade e experimentação. Ora, guardadas as devidas proporções e feitas as necessárias adaptações o mesmo se pode dizer da gloriosa vitória de um nordestino torneiro mecânico aqui no Brasil. Mas, em vez das explosões de fogos e todo alvoroço da mídia e da classe média brasileiras, Lula sempre teve que amargar hostilidades e má vontade.
A Folha até que chegou a ousar, colocando na primeira página, no dia da eleição, o depoimento de brasileiro radicado nos Estados Unidos, que apontou as semelhanças de trajetória de Barack Hussein Obama e de Luiz Inácio Lula da Silva. Será que alguém leu atentamente? O presidente Hugo Chávez também lembrou que a vitória do afrodescente no pleito estadunidense guardava alguma ligação com a onda democrática que elegeu presidentes populares de esquerda na América Latina. A mídia brasileira desconversou sobre o assunto.
Pelo jeito, nem tudo o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.
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