sábado, 30 de agosto de 2008

Que "coisa"!

A trajetória de Barack Obama é para lá de notável na política americana. Não é à toa que já se vêem alguns livros que contam e debatem sobre sua história. Ao folhear uma dessas revistas de livrarias, deparei com a propaganda de um lançamento em inglês de uma biografia do candidato à presidência dos Estados Unidos. Uma colega que estava próxima a mim fez um comentário inusitado:

-Minha irmã cismou que este cara é “coisa ruim”.

Estranhei o comentário, ainda mais que o carismático Obama conta com uma respeitabilidade internacional raramente vista para um político. Em todo caso, condescendi:

-De fato – disse eu -, presidente americano é presidente americano, e é claro que se eleito ele vai defender os interesses do país dele. É uma grande besteira nós brasileiros acharmos que ele vai ser melhor ou pior para o Brasil, porque no fundo, no fundo ele vai ver o lado deles lá. Por isso – continuei – não é descartado que ele traga, sob certo ponto de vista, alguma coisa de ruim...

-Não – interrompeu-me ela -, você não entendeu. Minha irmã acha que ele é o “coisa ruim”! Quer dizer, a “besta”, entende?

Fiquei desconcertado! Já vi alguns políticos americanos serem apontados como a encarnação da besta, a saber, Ronald Reagan, Bush pai e Bush filho. Mas esta é a primeira vez que vejo tal suspeita recair sobre um democrata. Sejamos razoáveis, parece que a imagem do “coisa ruim” realmente se encaixa melhor na figura – e nas idéias e atitudes – dos republicanos. Os políticos do Partido Democrata são sempre mais simpáticos e gozam de maior popularidade em nível internacional. Obama se enquadra tão bem nessa tradição que é – repita-se – surpreendente que entre no rol dos “bestáveis”, ainda que seja na isolada opinião da irmã da minha colega de trabalho.

Há, entretanto, um detalhe que nos escapa, mas que talvez não tenha passado despercebido da moça. É a afirmação contida na Bíblia Sagrada de que os enganadores e “falsos profetas” tendem a ter boa lábia e uma eficaz capacidade de persuasão. Sem dúvida, trata-se de ponto negativo para o Obama!

O reconhecimento da importância dos Estados Unidos para o mundo é tão universal que se acredita sempre no fato de que o tinhoso escolheria aquele país para comandar. Está certo! Existem poucas formas tão eficientes quanto ser presidente dos EUA para se ter influência em quase todos recantos do mundo. Esta talvez seja uma maneira para lá de singela de se explicar o que significa a vaga expressão “imperialismo”, não raro associada aos "ianques". Mas quem sabe tudo isso não esteja com os dias contados: algo me diz que em breve as “bestas” estarão nascendo na China!

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