Foi divulgado no dia 10-03-2009 o PIB de 2008: em plena crise internacional, o Brasil cresceu 5,1%. Excelente resultado, sem dúvida. O que se viu por aí, no entanto, foi um desproporcional destaque aos números do 4º trimestre do ano passado, os quais apontam queda de mais de 3% do Produto Interno Bruto em relação ao trimestre anterior.
Ora, é inegável que a notícia da subida do PIB mereceria no mínimo o mesmo destaque da retração verificada nos últimos três meses daquele ano. Ficou latente mais uma vez a má vontade da grande imprensa brasileira para com a condução da política econômica. Registre-se que o crescimento econômico do Brasil no ano passado foi muito maior do que o dos Estados Unidos, da Alemanha e do Reino Unido, por exemplo. Faltaram na primeira página dos jornais os velhos e bons quadros comparativos. Quando o Brasil apresentava números superiores “apenas aos do Haiti”, como gostavam de repetir os jornalistas e a oposição, a mídia adorava gráficos e barras que sempre mostravam o país na rabeira, atrás da Argentina, Chile, Colômbia e mesmo da “diabólica” Venezuela de Chávez; dessa feita, infelizmente os jornais não quiseram oferecer o didatismo geralmente muito bem elaborado por suas editorias de arte!
Mas, como não dava para evitar, a mídia foi obrigada a falar en passant do crescimento de 2008. Em texto da Folha Online, tem-se uma espécie de ato falho: “o resultado foi sustentado pelo bom desempenho dos trimestres anteriores”, é o que diz texto de Juliana Ennes. Sério? E por que o “bom desempenho” não era tão prontamente reconhecido pela imprensa à sua época?
Este blog outrora já se manifestou acerca dos riscos de se fazer previsão. Mas há, aparentemente, bons motivos para acreditar que o primeiro trimestre de 2009 será um pouco melhor do que o último de 2008, até porque ele se beneficiará da comparação com um período que foi sensivelmente mais fraco do que a média que se vinha atingindo. Porém, na confrontação com o mesmo período do ano anterior, talvez tenhamos uma queda, pois o primeiro trimestre do ano passado foi consideravelmente robusto. E o crescimento acumulado de doze meses, por seu turno, certamente apresentará diminuição de seu ritmo. Qual será, amigo leitor, a opção dos jornais? Se eles seguirem o critério utilizado nesta semana, terão que dar destaque ao resultado do trimestre. E se ele for mesmo favorável na comparação com o período que o antecede, o que fará a nossa mídia? Dará a mão à palmatória ou vai mudar o foco e escolher a mais do que certa notícia da queda no ritmo de crescimento acumulado de um ano?
Em vez de previsões, farei uma aposta: se as coisas ocorrerem como palpitamos, a mídia escolherá a segunda opção sem titubear. Vamos aguardar!
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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