O PSDB governa o Estado de São Paulo há mais de 20 anos, sempre com boa aceitação na capital; Geraldo Alckmin fez-se presente desde o início desse ciclo, primeiramente como vice de Covas, depois o sucedendo na vaga deixada pelo falecimento do titular, elegendo-se por via direta posteriormente e preparando o terreno para o sucessor pelo seu partido; o tucano teve uma gestão bem avaliada e foi, ainda, o candidato à sucessão presidencial preferido pelos paulistanos em 2006. Tudo isso parecia sugerir uma melhor sorte para o ex-governador na corrida pela prefeitura da Cidade de São Paulo.
Havia a favor de Alckmin, ainda, a resistência, por parte de alguns setores, ao nome da ex-prefeita Marta Suplicy e à administração tida como medíocre (na verdadeira acepção da palavra) do prefeito Gilberto Kassab. O candidato do PSDB, diferentemente de ambos, parecia contar com bom trânsito nos diversos estratos do município e ostentava, conforme já dissemos, a imagem de bom administrador.
Todas as pesquisas, porém, apontam um cenário em que a petista aparece com boa dianteira e que o postulante à reeleição emerge como bem mais do que um ator coadjuvante. Alckmin deve ter sido pego de surpresa. Talvez a mesma surpresa do autor destas maldigitadas. Se ele vislumbrasse essa possibilidade, certamente não teria brigado para ser candidato pelo PSDB, antes acataria a orientação, defendida - ainda que timidamente - por alguns líderes de seu partido, de apoiar a reeleição de Kassab.
Com o horário político e com a campanha nas ruas, Marta pôde mostrar algumas de suas realizações no município e apresentar propostas que parecem dar continuidade ao trabalho anteriormente feito. Kassab, por sua vez, conseguiu melhorar a sua imagem, agindo como alguém que está tendo a chance de dar publicidade a obras de sua administração que não apareciam na mídia. Já Geraldo Alckmin talvez tenha ficado com a pecha de alguém que não fez muita coisa pelo município e que, depois de ter sido governador e de ter sido derrotado à sucessão presidencial, quer a prefeitura como um tapa-buraco ou como um prêmio de consolação.
Caso se confirme, a derrota política do ex-governador seria de grande monta. Sem dúvida que ele ficaria com a imagem de grande desagregador. Lembremos que ele teve que brigar muito para ser candidato a presidente em 2006, quando muitos tucanos tinham a certeza de que José Serra seria um nome muito mais competitivo. E “batata”, Alckmin teve uma derrota humilhante no segundo turno, enquanto Serra ganhou fácil para governador ainda no primeiro turno. Agora em 2008, contrariando caciques e desagradando bases que estão engajadas desde a primeira hora na administração Kassab, o tucano insistiu em lançar candidatura própria, dividindo o partido e, ainda por cima, sem conseguir as facilidades que até seus antípodas achavam que ele teria.
Fiquemos por aqui, pois já erramos muitos prognósticos. Próximo comentário, somente depois do escrutínio de 5 de outubro.
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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