Que a imprensa não tem gostado de a economia brasileira sobreviver bem à crise mundial, ah, isso não tem mesmo!
Esforços incríveis têm sido feitos para realçar aspectos negativos das notícias: se houve aumento de vendas no natal, dá-se destaque ao fato de o crescimento ter sido menor do que o esperado; se o DIEESE informa que o desemprego para novembro é o menor em 16 anos, as manchetes preferem falar de fechamento de vagas no mês. E por aí vai...
Quero novamente me expor ao risco de dar com os burros n’água fazendo mais uma daquelas previsões de início de ano: acho que a imprensa tentará, talvez ainda em janeiro ou com toda a certeza a partir de fevereiro, usar os números da inadimplência como um fator de campanha contra o governo. Será fácil para eles, pois poderão dizer que foi culpa de Lula e sua “fanfarronice” ao sugerir que as pessoas gastassem enquanto o mundo amarga uma de suas maiores crises. O que eles não nos informarão, caro leitor, é que, com crise ou sem crise, não é raro a inadimplência dar algum salto nos primeiros meses do ano, por conta do clima que realmente estimula as pessoas a gastar um pouco mais no final do ano anterior - e isso independentemente de qualquer mãozinha presidencial -, além de fatores sazonais como a chegada de IPTU, IPVA etc.
Mas se para o cidadão comum já é duro se lembrar do que se passou há um mês, imagina o quão complicado é relembrar de coisas que ocorreram há mais de ano! É tanta notícia no rádio, na TV e, claro, Internet, que fica difícil deglutir, digerir, refletir sobre todas as informações que recebemos. Como bem diz Umberto Eco, melhor do que chamar de informação, talvez seja preferível denominar de “ruído”. A gente sempre ouve falar da tal inadimplência de início de ano, mas ela apenas “zumbe” em nossos ouvidos ao lado de uma verdadeira superabundância de informações, o que permite que a mídia faça do noticiário sobre ela o que bem entender.
Mas talvez nada disso ocorra. Pode ser que não haja aumento de inadimplência e pode ser que, em havendo, a mídia informe equilibradamente sobre ela. Nesse caso, este blog terá apenas cometido mais um de seus já tradicionais erros. Mas, para o caso de que a coisa se passe da forma como previmos acima, pedimos apenas que o leitor dê uma clicada nas notícias abaixo, pescadas de órgãos informativos acerca da inadimplência em períodos que não eram vistos como sendo de (tanta) crise:
Notícia sobre inadimplência em janeiro de 2001
Notícia sobre inadimplência com cheques em fevereiro de 2004
Notícia sobre cheques devolvidos em janeiro de 2008
Lembre-se disso, leitor, quando vierem as notícias “catastrofistas” sobre os calotes do começo de 2009. Prevenção pouca é bobagem...!
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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