domingo, 8 de fevereiro de 2009

Dois discos, duas críticas

The Persuaders - Thin Line Between Love and Hate (1971)


Discos como este nos fazem entender a importância que o velho e bom compacto teve especialmente nas décadas de 1960 e 1970, e notadamente na soul music. A faixa-título, single de grande vendagem em 1971, vale cada centavo pago no elepê. Pode-se dizer, portanto, que, se em vez do “bolachão”, o discófilo encontrar apenas o “7 polegadas”, pode pegar, ainda que o preço lhe pareça salgado para apenas duas músicas.

E não pense que no geral seja um disco ruim. Ao contrário, no todo é bastante respeitável. Mas “Thin Line Between Love and Hate”, a canção, está muito acima dos demais temas do álbum e - talvez não seja exagero dizer - merece estar no panteão das melhores canções pop de todos os tempos. Tema inspirado, a música teve boa releitura dos Pretenders no álbum Middle of the Road e uma horrível, absolutamente esquecível, de Annie Lennox.

A soul music, no mais, está cheia de exemplos assim, ou seja, artistas com algum número absolutamente transcendental em meio a trabalhos que, embora dignos, são desprovidos de brilho mais duradouro. Pode-se citar de sopetão Brenton Wood e a sua acachapante “Gimme Little Sign”, Deon Jackson e a notável “Love Makes the World Go Round” e, por fim, a belíssima “What Does it Take (To Win Your Love for Me)”, de Jr. Walker & All Stars.




Jimmy Smith - The Sermon! (1959)

The Sermon!, do organista Jimmy Smith, foi concebido para o formato de LP mesmo, com suas longas três faixas que perfazem um total de mais de quarenta minutos de jazz num estilo bluesy. Chamá-lo de disco conceitual seria um tanto anacrônico, mas é assim que ele soa, com sua coesão e regramento na maneira de se improvisar e solar. Atenção: regra aqui não significa limite, mas, sim, o modo que os temas se desenvolvem. Afinal, trata-se de um “sermão”, e dessa maneira precisa soar, já diz o radialista Daniel Daibem, como se se estivesse discursando, ou contando uma história, enfim, dizendo algo.

E os “pregadores” presentes aqui matam de inveja qualquer instituição religiosa que se imagine, com destaque ao subestimado saxofonista Tina Brooks e ao guitarrista Kenny Burrell.

Aos interessados, outros discos irretocavelmente coesos de Jimmy Smith: The Cat (1964) e Monster (1965), pelo menos.

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