A imagem do Congresso não anda lá essas coisas – e não é de hoje. Para completar, um deputado se complica com as palavras e diz que “está se lixando para a opinião pública”. Como bem notado por internautas comentaristas do Observatório da Imprensa, o nobre parlamentar mui provavelmente queria dizer “opinião publicada”, pois todo o contexto da frase tinha, em verdade, o objetivo de atacar a imprensa, minimizando a capacidade que ela teria de formar opinião hoje em dia. O congressista acrescentou que de qualquer modo ele continuaria se reelegendo, não importando o que os órgãos de comunicação publicassem; o que é absoluta verdade, admitamos.
Os jornais e a mídia como um todo se aproveitaram do deslize vocabular do excelentíssimo e fez um verdadeiro circo em cima do caso, sempre evocando “o deputado que se lixa para a opinião pública”. Mas vamos lá, amigos leitores: e a imprensa, preocupa-se com a opinião pública? Em realidade, eles também estão – aliás, são os que mais estão - se lixando! Basta ver como tratam o presidente mais popular da história de nossa República.
Atentemos a uma situação em particular. A Folha de São Paulo, como todos sabem, mantém o respeitado Datafolha. O próprio jornal, de quando em vez, encomenda-lhe pesquisas sobre a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – trata-se de pesquisas de opinião, por óbvio. Os números do mandatário-mor da nação têm sido cada vez mais superlativos, como atesta não apenas o Datafolha, mas todos os institutos. Mas aí sobrevêm os recordes da popularidade presidencial, apurados por órgão ligado ao jornal, e o que faz a Folha? Simplesmente corre atrás de gente como Jacob Pinheiro Goldberg e Bolívar Lamounier para tentar entender o porquê de tamanha insanidade e alienação do povo brasileiro! Será isso o que eles chamam de apreço pela opinião pública?
Mas nesse caso envolvendo o deputado gaúcho, não fosse a falha de expressão dele, ter-se-ia mais um daqueles eventos que não chegam a ser raros nos últimos tempos: o deboche e o desprezo por parte de políticos, celebridades e intelectuais para com os meios de comunicação. A credibilidade e o prestígio dos órgãos midiáticos estão abaixo da terra, talvez na mesma camada em que se encontra o respeito pelos políticos. Não é a primeira vez que o dissemos e já tivemos oportunidade de apresentar outros exemplos. Qualquer um que quiser escapar de uma situação delicada, é só descascar para cima da mídia que acaba dando tudo certo. Lula já fez isso; artistas fazem isso; Mangabeira Unger o fez de maneira brilhante.
In casu, a imprensa agiu rápido. Percebeu em tempo o erro na fala do deputado e logo reagiu, apresentando-se como se estivesse em defesa da população - em defesa da opinião pública. Opinião pública que, em verdade, a imprensa é a primeira a vilipendiar.
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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