A Virada Cultural na cidade de São Paulo está mais forte a cada edição. Em 2008 houve aumento de atrações em relação ao ano anterior. Música, cinema, dança, performances, exposições: tudo teve vez nas pouco mais de 24 horas que se iniciaram no sábado 26 às 18h.
A grande verdade é que a maior cidade brasileira é um turbilhão cultural praticamente o ano todo. Os que ficam ligados na sua programação certamente confirmarão que sempre há nela algum tipo de evento, senão gratuito, a preços populares (sem falar dos programas nem tão populares assim!).
O que a Virada traz de diferente para o panorama cultural da cidade talvez seja um elemento de condensação das atividades, além de intrinsecamente oferecer um clamoroso “convite” à população para que delas participe. O espírito do convite, em verdade, deveria existir o ano inteiro e não somente nalgum fim de semana outonal. Este escriba mesmo não quis ficar de fora da festa e assistiu ao vídeo The Velvet Underground & Nico, de Andy Warhol, no SESC Pompéia, pegou um pouco de uma jam na Barão de Itapetininga aparentemente com Andreas Kisser, Paulo Zinner e outros, viu um pouco de Bocato num improviso instrumental no Anhangabaú, acompanhou a íntegra da apresentação do lendário Afrika Bambaataa, no Parque Dom Pedro e, por fim, ainda "ouviu" (não deu para ver) um tiquinho da apresentação de Jorge Ben na São João. Numa situação normal, se bem me conheço, abdicaria, preguiçosamente, de aproveitar tais oportunidades. Se estivesse muito a fim, por exemplo, do vídeo do Velvet, comprá-lo-ia; quanto ao DJ americano, apenas guardaria a reverência pela sua importância histórica, sem chegar ao ponto de assistir a uma sua "performance", mesmo que gratuita. Mas o “ambiente” da Virada Cultural nos compele a sair de casa e participar da vida da cidade. Tal clima, diga-se, já estava presente mesmo nos dias que antecederam a este fatídico final de semana: viam-se pessoas querendo informar-se sobre as atrações, grupos reuniam-se em volta dos totens instalados nos locais dos eventos para conferir o que iria rolar por lá, os prospectos com a programação completa eram disputados quase como um troféu.
A Virada Cultural – com perdão do clichê para lá de piegas – é um evento de intensa “magia”. Mas não se deve permitir que sua intensidade restrinja a ocorrência do “abraço cultural” entre o povo e a cidade a um evento isolado. É evidente a grande dificuldade de se realizar de forma simultânea encontros tão grandiosos diversas vezes num ano. Mas, em se tratando de uma cidade -conforme já dissemos - repleta de eventos o ano inteiro, ao menos os mecanismos de divulgação poderiam ser mais eficientes. E o clima de convite à participação dos moradores é algo que deve ser trabalhado aos poucos. Isso que chamamos de “clima de convite” é mais difícil de explicar e mais complicado de expressar: ele parece estar mais no campo das sensações e, por isso, é de percepção individual, subjetiva. Talvez, para se sedimentar, ele tenha que vir num “pacote” mais completo de realizações. Um pacote que indique compromissos, por parte do poder público, de mais investimentos na cultura, educação, saúde, enfim, de mais preocupações e respeito com a coisa pública. Falamos acima de um suposto “abraço cultural” entre cidade e população. O abraço é um ato de reciprocidade. Por isso, não bastam apenas os esforços públicos na divulgação da cultura e fomento a ela. É preciso também que todos nós estejamos dispostos a fruir e a participar do que nos é colocado à disposição quase que nos 365 dias do ano na maior cidade do hemisfério sul.
Nas cidades brasileiras em que o carnaval é tradicionalmente mais forte, sempre se ouvem alguns de seus moradores manifestando o desejo de que ao menos o "clima" daquela festa persistisse o ano inteiro. Seria desejável que a “magia” da Virada Cultural também perdurasse o tempo todo em São Paulo: sem dúvida que a cidade seria mais humana, menos violenta, mais acolhedora.
Aquele abraço!
A grande verdade é que a maior cidade brasileira é um turbilhão cultural praticamente o ano todo. Os que ficam ligados na sua programação certamente confirmarão que sempre há nela algum tipo de evento, senão gratuito, a preços populares (sem falar dos programas nem tão populares assim!).
O que a Virada traz de diferente para o panorama cultural da cidade talvez seja um elemento de condensação das atividades, além de intrinsecamente oferecer um clamoroso “convite” à população para que delas participe. O espírito do convite, em verdade, deveria existir o ano inteiro e não somente nalgum fim de semana outonal. Este escriba mesmo não quis ficar de fora da festa e assistiu ao vídeo The Velvet Underground & Nico, de Andy Warhol, no SESC Pompéia, pegou um pouco de uma jam na Barão de Itapetininga aparentemente com Andreas Kisser, Paulo Zinner e outros, viu um pouco de Bocato num improviso instrumental no Anhangabaú, acompanhou a íntegra da apresentação do lendário Afrika Bambaataa, no Parque Dom Pedro e, por fim, ainda "ouviu" (não deu para ver) um tiquinho da apresentação de Jorge Ben na São João. Numa situação normal, se bem me conheço, abdicaria, preguiçosamente, de aproveitar tais oportunidades. Se estivesse muito a fim, por exemplo, do vídeo do Velvet, comprá-lo-ia; quanto ao DJ americano, apenas guardaria a reverência pela sua importância histórica, sem chegar ao ponto de assistir a uma sua "performance", mesmo que gratuita. Mas o “ambiente” da Virada Cultural nos compele a sair de casa e participar da vida da cidade. Tal clima, diga-se, já estava presente mesmo nos dias que antecederam a este fatídico final de semana: viam-se pessoas querendo informar-se sobre as atrações, grupos reuniam-se em volta dos totens instalados nos locais dos eventos para conferir o que iria rolar por lá, os prospectos com a programação completa eram disputados quase como um troféu.
A Virada Cultural – com perdão do clichê para lá de piegas – é um evento de intensa “magia”. Mas não se deve permitir que sua intensidade restrinja a ocorrência do “abraço cultural” entre o povo e a cidade a um evento isolado. É evidente a grande dificuldade de se realizar de forma simultânea encontros tão grandiosos diversas vezes num ano. Mas, em se tratando de uma cidade -conforme já dissemos - repleta de eventos o ano inteiro, ao menos os mecanismos de divulgação poderiam ser mais eficientes. E o clima de convite à participação dos moradores é algo que deve ser trabalhado aos poucos. Isso que chamamos de “clima de convite” é mais difícil de explicar e mais complicado de expressar: ele parece estar mais no campo das sensações e, por isso, é de percepção individual, subjetiva. Talvez, para se sedimentar, ele tenha que vir num “pacote” mais completo de realizações. Um pacote que indique compromissos, por parte do poder público, de mais investimentos na cultura, educação, saúde, enfim, de mais preocupações e respeito com a coisa pública. Falamos acima de um suposto “abraço cultural” entre cidade e população. O abraço é um ato de reciprocidade. Por isso, não bastam apenas os esforços públicos na divulgação da cultura e fomento a ela. É preciso também que todos nós estejamos dispostos a fruir e a participar do que nos é colocado à disposição quase que nos 365 dias do ano na maior cidade do hemisfério sul.
Nas cidades brasileiras em que o carnaval é tradicionalmente mais forte, sempre se ouvem alguns de seus moradores manifestando o desejo de que ao menos o "clima" daquela festa persistisse o ano inteiro. Seria desejável que a “magia” da Virada Cultural também perdurasse o tempo todo em São Paulo: sem dúvida que a cidade seria mais humana, menos violenta, mais acolhedora.
Aquele abraço!
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