Mais um pouco de século XX foi embora na semana que findou: morreram o guitarrista norte-americano Bo Diddley e o saxofonista brasileiro João Teodoro Meirelles. O primeiro foi figura fundamental para a metamorfose do blues em rock nos anos 1950, exercendo grande influência em alguns de seus contemporâneos, como Elvis Presley e Buddy Holly, por exemplo. Nos anos 1960 e 70, seu estilo sincopado e razoavelmente percussivo arrebanhou mais seguidores, dentre os quais Rolling Stones e Dr. Feelgood. Muitas de suas músicas obtiveram notáveis regravações, por ora merecendo destaque “Who Do You Love”, com os Doors, “Mona”, com os Troggs, “Before You Accuse Me”, com o Creedence, “Oh Yeah” com The Shadows of Knight, entre outras. Ellas McDaniels (seu verdadeiro nome) morreu no último dia 2. Completaria 80 anos em dezembro.
J.T. Meirelles foi um dos nomes mais importantes do assim chamado samba-jazz. O gênero foi uma espécie de desdobramento dos caminhos abertos pela bossa nova rumo a uma leitura mais moderna da música brasileira. Saxofonista e flautista fantástico, o músico passou por São Paulo como integrante da orquestra de Sylvio Mazzuca. Mas foi na sua natal Rio de Janeiro que conseguiu escrever seu nome numa página um tanto esquecida da história da música brasileira. Meirelles participou de excelentes grupos instrumentais nos anos 1960, como o espetacular Os Cobras, de Tenório Jr., Raul de Souza e Milton Banana, e também na Turma do Bom Balanço, ao lado de outros importantes nomes do samba-jazz. O músico carioca também foi o responsável pelo arranjo de diversas canções do clássico Samba Esquema Novo, de Jorge Ben, inclusive do hit internacional “Mas Que Nada”. Como líder, o artista notabilizou-se com uma famosa orquestra que levava seu nome - especializada em fazer releituras de clássicos da música brasileira de todos os tempos – e, principalmente, com os Copa 5, grupo que nos seus dois indispensáveis álbuns gravados na primeira metade dos anos 1960 contou com gente como Dom Um Romão, Eumir Deodato, Waltel Branco, Roberto Menescal etc. Meirelles e os Copa 5 voltariam à cena musical já nos anos 2000 com nova formação, novo disco e shows. Mas o melhor tinha ficado há mais de quarenta anos. Meirelles morreu no Rio aos 67 anos, no dia 03 de junho.
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Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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