Na segunda-feira 23, a Folha estampou, na sua primeira página, chamada que noticiava possíveis complicações para um tal “compadre de Lula”. Ao contrário do que se poderia pensar, o moço tem nome: Roberto Teixeira.
Não é a primeira vez que o diário paulistano usa desse expediente para se referir a pessoas próximas ao presidente envoltas em algum tipo de, digamos, dificuldade legal. Não existiu um Silas Rondeau, mas sim um “ministro de Lula” suspeito de receber propina. Do mesmo modo nunca houve um Vavá ou Genival; para a Folha de São Paulo ele era apenas o “irmão de Lula” investigado pela Polícia Federal.
É compreensível, e até desejável, que o jornal lembre da proximidade de tais pessoas com a figura mais importante da República: não há negar que isso é notícia. Mas sem dúvida que os atos individuais ou de grupos (ou vai lá, as suspeitas que recaem sobre eles) são mais importantes do que as ligações que os cidadãos ou órgaos possam ter com os seus “chegados” mais importantes. Afinal, não se vê quando das elogiáveis ações da já citada Polícia Federal a Folha referir-se a uma “PF de Lula” (o que seria aceitável tendo em vista a diferença do trabalho atual da instituição em relação a de gestões anteriores), tampouco se lê em vez de Patrus Ananias, responsável pela bem-sucedida pasta de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o epíteto “ministro de Lula”. Resta claro que, para o jornal, a relação com o presidente ou a subordinação a ele só são importantes quando levam a algum tipo de constrangimento. Sem dúvida que é o que se pode chamar de perseguição.
Entretanto, caso o jornalão paulistano entenda como legítimo o método de, em algumas circunstâncias, caracterizar a pessoa não pelo nome mas pela suas possíveis ligações, deveria urgentemente generalizar a prática, coisa que aparentemente não faz. Seria assim: se a Folha viesse algum dia a dar importância para o “caso Alstom”, ou “constrangidamente” viesse a reproduzir as matérias do The Wall Street Journal sobre o assunto, poderia em vez de pelos nomes, chamar os implicados de “isso de Covas”, “aquilo de Alckmin”, eventualmente de "não-sei-o-que-lá de Serra”. Será que eles fazem, fariam ou farão isso, leitor?
E a vida continua para o “jornal dos Frias” (soa tão ridículo, não?!).
P.S.: Vejo que na data de hoje (28-06), a Folha foi ainda mais fundo na sua tática: em vez de IGP-M, trombeteia a "inflação do aluguel". Isso é que é didatismo!
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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