O Hulk está em cartaz nos cines de São Paulo. Quanta ação!
Não raro os detratores de tal tipo de filme dizem que, no cinema, a “ação” é inversamente proporcional à inteligência. Maldade! Depende da “ação”, depende do filme...
Filmes de ação caracterizam-se pela movimentação rápida, pelo clima tenso, pelos arroubos de violência, numa palavra, pela adrenalina. Os olhos de quem os está vendo mal piscam, os músculos às vezes se retesam, o coração não raro dispara.
Nada deveria impedir, entretanto, que um filme de ação possa abrir espaços para questionamentos morais, para a profundidade psicológica, para análises de contextos históricos. Sem dúvida que é perfeitamente possível a simbiose de “cérebro” e “ação” no cinema.
Não obstante possam estar catalogados noutras categorias, idiossincraticamente considero grandes filmes de ação os fenomenais Intriga Internacional (Alfred Hitchcock, 1959) e Sob o Domínio do Medo (Sam Peckinpah, 1971). O primeiro é um thriller que tem como pano de fundo os serviços de inteligência e de espionagem no contexto da guerra fria, e como isso poderia pôr de cabeça para baixo a vida de um homem comum. O segundo reserva toda a ação para o final, depois de ver construído passo a passo o clima que desembocará num ambiente explosivo que envolve violência gratuita, inveja, intolerância, vingança e injustiça numa cidade pequena e provinciana.
Mas as coisas felizmente não param por aí! Depois de muita espera, acabei finalmente vendo no TCM o clássico Círculo do Medo (J. Lee Thompson, 1961). Trata-se do suspense refilmado por Martin Scorsese nos anos 1990 que, no Brasil, ganhou o título de Cabo do Medo. No remake estrelado por Robert de Niro como o ex-presidiário que não quer dar sossego para o advogado interpretado por Nick Nolte, ficam latentes aquelas características brutas dos filmes de ação que acima enumeramos. No original do início dos anos 1960, o advogado interpretado por Gregory Peck precisa proteger a família da fúria do vingativo Robert Mitchum. Mas neste, apesar da adrenalina pura, há também discussões sobre legalidade, justiça e limites humanos, que o colocam milhões de anos-luz à frente daquela refilmagem.
Por favor, caro leitor, não pense que são necessárias justificativas "intelectualóides" para se curtir um bom filme, afinal não há nada de errado no fato de ele ser um mero passatempo. Mas, antes, pensemos na questão por um ângulo invertido: será que filmes como os três mencionados não serviriam como porta de entrada para o mundo de um cinema mais bem articulado e recheado de idéias para aqueles que em geral não têm muita paciência com os clássicos e com os trabalhos mais cerebrais da sétima arte?
Os que não querem perder tempo pensando na questão, que tomem, por favor, o presente post apenas como uma singela “dica de cinema”.
Não raro os detratores de tal tipo de filme dizem que, no cinema, a “ação” é inversamente proporcional à inteligência. Maldade! Depende da “ação”, depende do filme...
Filmes de ação caracterizam-se pela movimentação rápida, pelo clima tenso, pelos arroubos de violência, numa palavra, pela adrenalina. Os olhos de quem os está vendo mal piscam, os músculos às vezes se retesam, o coração não raro dispara.
Nada deveria impedir, entretanto, que um filme de ação possa abrir espaços para questionamentos morais, para a profundidade psicológica, para análises de contextos históricos. Sem dúvida que é perfeitamente possível a simbiose de “cérebro” e “ação” no cinema.
Não obstante possam estar catalogados noutras categorias, idiossincraticamente considero grandes filmes de ação os fenomenais Intriga Internacional (Alfred Hitchcock, 1959) e Sob o Domínio do Medo (Sam Peckinpah, 1971). O primeiro é um thriller que tem como pano de fundo os serviços de inteligência e de espionagem no contexto da guerra fria, e como isso poderia pôr de cabeça para baixo a vida de um homem comum. O segundo reserva toda a ação para o final, depois de ver construído passo a passo o clima que desembocará num ambiente explosivo que envolve violência gratuita, inveja, intolerância, vingança e injustiça numa cidade pequena e provinciana.
Mas as coisas felizmente não param por aí! Depois de muita espera, acabei finalmente vendo no TCM o clássico Círculo do Medo (J. Lee Thompson, 1961). Trata-se do suspense refilmado por Martin Scorsese nos anos 1990 que, no Brasil, ganhou o título de Cabo do Medo. No remake estrelado por Robert de Niro como o ex-presidiário que não quer dar sossego para o advogado interpretado por Nick Nolte, ficam latentes aquelas características brutas dos filmes de ação que acima enumeramos. No original do início dos anos 1960, o advogado interpretado por Gregory Peck precisa proteger a família da fúria do vingativo Robert Mitchum. Mas neste, apesar da adrenalina pura, há também discussões sobre legalidade, justiça e limites humanos, que o colocam milhões de anos-luz à frente daquela refilmagem.
Por favor, caro leitor, não pense que são necessárias justificativas "intelectualóides" para se curtir um bom filme, afinal não há nada de errado no fato de ele ser um mero passatempo. Mas, antes, pensemos na questão por um ângulo invertido: será que filmes como os três mencionados não serviriam como porta de entrada para o mundo de um cinema mais bem articulado e recheado de idéias para aqueles que em geral não têm muita paciência com os clássicos e com os trabalhos mais cerebrais da sétima arte?
Os que não querem perder tempo pensando na questão, que tomem, por favor, o presente post apenas como uma singela “dica de cinema”.
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