O improviso é uma das principais características do jazz em geral – e é da essência do free jazz em particular. O trompetista Don Cherry está entre os principais artífices do gênero, tendo tocado ao lado de Coltrane, Ayler e, principalmente, Ornette Coleman.
Neste álbum, o músico chama um time multinacional, com um argentino (o famoso Gato Barbieri), um alemão e um francês; dentre os americanos, músicos já tarimbados da vanguarda jazzística: Pharoah Sanders (sax, piccolo) , Henry Grimes (baixo) e Ed Blackwell (bateria). Sanders traz um toque de lirismo ao non-sense predominante nas duas suítes que integram o disco, qualidade que surgiria esmerada no seu próprio Karma, lançado dois anos depois. Blackwell aparece incansável na sua batida rápida e marcante, fazendo-nos querer ouvir novamente os discos de Ornette Coleman de que participa.
As duas faixas que compõem o disco são divididas em quatro partes. Há coesão na composição, mas suas subdivisões são devidamente nuançadas, de modo que poderiam bem sobreviver como canções à parte. Acho que Cherry não se reviraria no túmulo se soubesse que algum ouvinte preferiu meter o dedo no “avança rápido” para se fixar num trecho que considere mais apetecível de qualquer das peças. É do gosto do freguês, portanto!
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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