A edição da Folha de 6 de dezembro está por demais risível. O jornal faz malabarismos para tentar justificar o recorde de aprovação ao governo Lula: um de seus editoriais, colunistas da página dois e intelectuais ouvidos pelo diário foram unânimes em dizer que o excelente resultado do presidente se deve ao fato de a crise econômica internacional ainda não ter batido com toda a sua força aqui no Brasil. De algum modo, acrescentaram eles, Lula também está sendo hábil em “vender” a idéia de que a crise não terá maiores efeitos por aqui e que o país está pronto para enfrentá-la na dimensão que ela se apresentar.
Se os editorialistas, colunistas e intelectuais estão certos nas suas assertivas, forçoso é concluir que a Folha – e de resto toda a imprensa – está perdendo a guerra de comunicação para o presidente. Os que lêem os jornais certamente que teriam todos os motivos do mundo para estar em pânico com a crise, haja vista o reiterado terrorismo praticado todo santo dia acerca dela. No entanto, as pessoas parecem não estar tão aterrorizadas assim, ou, se estão, não devem estar responsabilizando o presidente pelos maus bocados que talvez se avizinhem.
Aliás, é interessante a leitura que todos parecem fazer da popularidade de Lula. É como se ela estivesse fora dele. Hoje a popularidade está em alta porque a economia ainda vai relativamente bem. Amanhã, prognosticam eles, ela deve despencar porque alguns dados tendem a se deteriorar. Mas, de acordo com todas as análises, a culpa não será de Lula e de seu governo, e sim da crise que teve seu início lá fora, especialmente nos países centrais. Tudo isso bem explicado, mesmo aquele que sofrer com os desdobramentos do “tsunami” – ou da “marolinha” – poderá ainda ficar na “lua-de-mel” com o presidente, pois não será dele a responsabilidade pela “dor de barriga” que tendemos a sofrer em 2009.
E o pior de tudo - para a imprensa - é que desta vez eles não podem dizer, ou estimular outros a dizerem, que a popularidade do presidente se segura nos pobres beneficiários de programas sociais ou nos pouco escolarizados desinformados. Nesta oportunidade, Lula é considerado ótimo e bom também pela maioria dos mais ricos e com maior nível de instrução, inclusive do Sul e Sudeste.
A situação é complicada: nem a classe média alta nem a famosa "zelite" parecem levar a imprensa a sério! Daí talvez a quase indisfarçável torcida para que a marolinha seja mesmo um tsunami daqueles. Quem sabe depois de milhões desempregados, com deterioração dos salários, crise social e tudo mais, esse povinho passa a acreditar mais nos nossos bem-intencionados donos de jornais e nos seus colunistas casados com gente ligada ao PSDB?!
Sinceramente, amigos, estou pouco ligando para a popularidade de Lula. Ela estando nas alturas ou caindo abaixo do chão, o que eu realmente gostaria é que a crise realmente não abatesse muito o Brasil e que o país de fato conseguisse, como vem dizendo não o presidente Lula mas organismos como a OCDE, passar por ela de forma muito mais tranqüila do que certamente ocorrerá - e em alguns casos já vem ocorrendo - com outras nações.
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
Nenhum comentário:
Postar um comentário