A espetacular popularidade do presidente Lula decerto que não constitui novidade. Novo, isto sim, é o bom resultado do presidente entre os mais ricos e mais escolarizados, segundo todos os levantamentos recentes. Para entender tal fenômeno seriam necessárias pesquisas qualitativas com as pessoas de tais perfis, como forma de se saber quais são os motivos que têm feito tal contingente, depois de anos, entusiasmar-se com o presidente que já era dos mais queridos da população pobre em toda a história do país. Este blog, porém, na base do “chutômetro” mesmo, dará um palpite sobre o assunto.
Os mais ricos e os mais escolarizados, como se sabe, fazem parte do grosso dos consumidores de jornais e de revistas de grande circulação e são grandes leitores (ou ouvintes, telespectadores) dos principais colunistas da mídia nativa. E por isso foram bombardeados durante pelo menos cinco anos com a tese de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva só se saía razoavelmente bem porque nadava nas águas calmas da bonança internacional. Os luminares de nossa imprensa, não satisfeitos apenas em desqualificar Lula, ainda por cima tentavam justificar a mediocridade de seu antecessor com a afirmação de que ele (FHC), sim, enfrentara importantes crises internacionais em sua gestão, o que explicaria alguns resultados esquecíveis de seu governo. (Em verdade, mais do que pela má sorte, o Brasil ficou muito vulnerável às crises dos anos 1990 em virtude do populismo cambial e das políticas suicidas – que muitos reconhecem ter sido necessárias – para se conter a inflação; mas aí é outra história).
Porém, há pelo menos um ano só se ouve falar de crise internacional, e, diferentemente daquelas da era FHC, em vez de na periferia do sistema, os resultados assustadores se mostram localizados nos Estados Unidos e em países da Europa. Desde os primeiros apuros, já se viam em fóruns da Internet alguns usuários prevendo que o Brasil iria à bancarrota em semanas, afinal o governo só se segurava por causa da calmaria externa. Não era diferente na imprensa dita especializada, sempre apostando que as coisas já começariam a quebrar imediatamente.
Mas conforme se divulgam os dados da economia, vê-se que, de forma geral, o Brasil ainda se segura bem, e, mais do que isso, o governo procura tomar algumas medidas preventivas contra a crise, e seus representantes, a começar pelo próprio presidente da República, não hesitam em se mostrar otimistas, irritando a imprensa, porém passando confiança ao povo. Não há negar, todavia, que alguns dados já se mostram deteriorados, e praticamente todos sabem que alguma retração virá; ainda assim, parece haver consenso de que o Brasil sofrerá menos do que muitos países centrais.
A classe média, os leitores de jornais, os mais escolarizados devem ter se sentido ludibriados pela grande mídia e seus estafetas, afinal uma crise nos Estados Unidos não é brincadeira. E o “presidente sortudo” vem se mostrando capaz de enfrentá-la, diferentemente do que diziam os colunistas e editorialistas da nossa combativa imprensa. Isso talvez tenha feito a classe média acordar de seu sono midiático e ter chegado à conclusão que durante todos esses anos houve – e tem havido – uma má vontade gritante contra o presidente Lula e uma desavergonhada torcida pelo insucesso de seu governo. E como burrice tem limites, nem todo mundo vai achar bacana o país quebrar só para rir da cara do presidente. Os que pensam assim (e - você sabe, amigo - eles existem na cifra de 6 ou 7%) precisam urgentemente de um laudo do Jacob Pinheiro Goldberg.
Para finalizar, duas observações: em primeiro lugar, se é que o caso é de boa ou má fortuna, reforçamos opinião já repetida alhures de que é melhor um presidente com sorte do que outro azarado! Em segundo lugar, alguém aí reparou que parece estar ocorrendo no Brasil a inversão do “efeito pedra no lago”?
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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