A revista Época da semana que termina trouxe como destaque de capa a sitação de Cuba. Sua manchete principal fazia um interessante jogo de palavras entre o “sonho” socialista e o “pesadelo” da vida real naquele país. Entretanto, em provável ato falho, o editor permitiu que a mesma edição trouxesse, ainda que em letras menores, uma pequena chamada no canto superior esquerdo da capa que apontava o risco de recessão nos Estados Unidos e as suas possíveis conseqüências no Brasil.
A infelicidade da produção da capa deixa bem clara uma coisa: as noites mal dormidas podem ocorrer em qualquer lugar do planeta, seja no "inferno" socialista de Cuba, seja no "paraíso" capitalista do Tio Sam; com uma agravante: no epicentro do capitalismo, e como decorrência da economia altamente globalizada, o mal-estar noturno pode ter efeitos bem mais devastadores do que o “insular” pesadelo cubano; afinal, como bem disse a secretária Condoleezza Rice, "os Estados Unidos continuarão sendo o 'motor' do mundo", e os "motores", como é sabido, costumam falhar de vez em quando. A cegueira ideológica certamente impediu os responsáveis pela revista da Editora Globo de se atentarem a tal sutileza.
Aliás, o hebdomadário deveria antes ter dado chamada principal de capa justamente ao problema do “pesadelo” americano, tendo em vista que era de se esperar a nervosa volatilidade dos mercados mundiais nesta semana. De todo modo, mesmo sem querer, o semanário da Globo conseguiu sair-se melhor do que a concorrente Veja, que, em mais uma de suas intermináveis “bolas fora”, destacou justamente os mais novos milionários do mercado de ações. A revista da Abril não poderia ter escolhido semana pior para fazer tal tipo de capa. Mas já que tocamos no assunto, espera-se, como toda a sinceridade, que os tais milionários tenham terminado a semana pelo menos tão ricos quanto começaram!
E, com exceção de Carta Capital, essas revistas semanais dão um sono... Zzzzzzzzz!!!!
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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