Se as coisas ficarem dentro do script, os maiores partidos do Brasil deverão disputar a eleição para prefeito da cidade de São Paulo em 2008 com pesos pesados da política nacional: o PT virá com a ex-prefeita e atual Ministra do Turismo, Marta Suplicy, e o PSDB pleiteará a prefeitura com o ex-governador e candidato derrotado à Presidência da República Geraldo Alckmin.
Muito dificilmente qualquer um deles ficaria os quatro anos à frente da prefeitura da maior cidade do país. Em 2010, com as eleições para o governo do Estado, tanto Marta quanto Alckmin apareceriam como candidatos quase “naturais” de seus partidos. É notória a dificuldade do PT em apresentar novos nomes, tanto em nível federal como no âmbito de São Paulo, estado que é seu berço. Nesse vácuo, o nome da “prefeita” agigantar-se-ia como única candidata com chances de derrotar a hegemonia do PSDB. No ninho tucano, a menos que o partido queira repetir o erro de 2006, é quase impensável que seus integrantes não queiram disputar o principal cargo da República com o seu nome mais popular. Assim sendo, o governador Serra será candidato a presidente. Desse modo, o tucanato terá que disputar o governo do Estado com outro de seus ases. É certo que existirão brigas internas, mas o nome do ex-governador, “rebaixado” à condição de prefeito (se for o caso), surgirá como uma carta na manga para a agremiação continuar mandando em São Paulo.
Dessa forma, se eleito um dos dois, quem ficará a maior parte do tempo à frente da prefeitura da megalópole será o respectivo vice. Tal advertência fora repetidamente feita no pleito de 2004, afinal todo bom analista sabia que Serra não ficaria na prefeitura durante todo o mandato. Verdade seja dita, é muito provável que a então prefeita Marta, se reeleita fosse, também sairia para disputar o cargo de governadora. A diferença é que, em vez de Kassab, o prefeito hoje seria Rui Falcão.
É evidente que não é possível ter acesso aos estados mentais das pessoas – nem aos anseios programáticos secretos dos partidos políticos. Quer dizer, pode até ser que tanto a petista quanto o tucano sonhem com a prefeitura e queiram realmente ficar sentados na principal cadeira do antigo prédio do BANESPA até o final do mandato, o que poria por água abaixo o presente prognóstico. Mas a se confirmar a suspeita de que o término do mandato ficará para o vice, ter-se-á que rediscutir os rumos da política na mais importante cidade do país, pois ela não poderá ser pelo resto de seus dias um mero trampolim para a ambição de alguns políticos brasileiros: o prefeito teria que realmente querer ser prefeito e estar comprometido com os interesses da cidade.
Uma triste curiosidade é que o risco de isso ocorrer praticamente se anularia caso fosse reeleito o atual prefeito, o qual dificilmente abdicaria da chance de ficar mais quatro anos como indiscutível “dono” do cargo que herdou. Resumindo: pobre São Paulo!
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
Um comentário:
Perfeita sua visão . Parabéns !!!
Voltarei mais vezes aqui.
Luciano Scarpa
http://acorda.paulistano.zip.net/
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