sábado, 5 de janeiro de 2008

O mantra dos impostos

O leitor já reparou o quanto a imprensa gosta de falar de impostos? Parece que todos os problemas da humanidade se resumem à carga tributária. Ah, sim, a carga tributária do Brasil, é claro. A mídia parece pouco ou nada preocupada com os números altíssimos da arrecadação de diversos países mundo afora; falam como se só neste país tropical se pagassem impostos.

Os muito pobres não pagam tantos tributos diretamente. Os ricos sonegam ou, quando honestos, pagam sem reclamar muito, pois não se sentem tomados daquele dó de ver sair-lhe das mãos um dinheiro que poderia ser usado na aquisição de opcionais de carro ou de quinquilharias eletrônicas. Sobra para a classe média, que não consegue sonegar tanto, e que de fato paga boa parte do peso da carga tributária, além de ter que colocar filhos nas escolas particulares, pagar planos de saúde, trocar de carro toda hora etc.

A imprensa brasileira parece querer dirigir-se somente à classe média. Por isso a irritante grita contra os impostos. Ora, ora, ora, é assim mesmo: o governo, em todos os níveis, precisa trabalhar, tem que assumir e honrar compromissos. Sem impostos, ficaria impossível. Poder-se-ia, no entanto, fazer um teste: que tal se a partir de amanhã não se recolhessem mais impostos e se deixasse o Estado morrer por inanição? Será que a classe média, exatamente o que temos de mais conservador na sociedade brasileira, iria gostar de uma medida tão, digamos, revolucionária? Os críticos da sociedade burguesa poderiam até "pagar" para ver; mas aqueles que no fundo são amantes do nosso status quo deveriam temer isso. É bom começar a parar de reclamar dos impostos...

Nesta semana foram apresentadas mudanças no IOF e na Contribuição sobre Lucro Líquido. Principalmente o primeiro foi apontado pela imprensa como um elemento que deve encarecer o crédito, dificultando assim a vida da nossa dedicada classe média.

Este blog, num post anterior, já havia manifestado a sua preferência, em meio a tudo isso, à extinta CPMF. E o pessoal da classe média, que tanto esbravejava contra aquela contribuição, o que acha agora?

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