sábado, 19 de janeiro de 2008

Segunda opinião

A sabedoria popular ensina que, em assuntos médicos, é sempre bom ouvir uma segunda opinião. Imagine, então, quando a primeira é proferida por alguém fora da área de medicina!

Entendo de febre amarela provavelmente tanto quanto a jornalista Eliane Cantanhêde, ou seja, absolutamente nada. Por isso, em meio às opiniões pescadas nos meios de comunicação, tenho dispensado especial atenção ao que dizem os especialistas. Parece haver um quase consenso de que é absurdo sair por aí se vacinando, a menos que a pessoa esteja a dez dias de se dirigir a áreas de risco, ou, evidentemente, more nas regiões endêmicas. Fora isso, deve-se estar atento ao fato de, eventualmente, já ter se vacinado nos últimos dez anos, além de procurar saber das contra-indicações e os possíveis efeitos colaterais de tal remédio.

Ainda que se deva - como ensinava Descartes - tomar cuidado com os chamados “argumentos de autoridade”, é difícil vislumbrar, em questões do tipo, gente mais bem preparada do que médicos especialistas para falar no assunto. E num país em que os políticos e demais fontes governamentais são tão desacreditados, não deixa de ser interessante o fato de médicos independentes reproduzirem sobre o tema praticamente as mesmas assertivas do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

A melhor opinião sobre vacinação, no entanto, foi emitida por minha esposa, que, até onde eu sei, assim como eu e, provavelmente, a colunista Eliane Cantanhêde, não entende tanto assim de medicina. Segundo ela, vacinação faz parte da cidadania, e as pessoas devem sempre estar alerta aos cuidados que devem tomar, independentemente de haver surtos ou epidemias. Penso que ela está certa. Comprometi-me, aliás, a imunizar-me em breve contra a febre amarela, de preferência quando ninguém mais estiver falando no assunto. No atual momento, se tomasse a vacina, além de expor-me aos riscos e efeitos que os especialistas bem apontam, poderia estar tirando uma dose de alguém que realmente precisa, por estar com viagem marcada para uma área de risco, por exemplo.

Mas tudo se trata de uma questão de foro íntimo, evidentemente. Há pessoas que acham que devem se vacinar de qualquer jeito. Cada um sabe o que faz. O importante, é claro, é verificar os efeitos e as contra-indicações, cuidado que, aparentemente, muita gente não vem tomando. Temo que comentar, mais uma vez, sobre possíveis prejuízos provocados pelo desabastecimento seja pregar no deserto: quem realmente se preocupa com os outros?

Para melhor análise sobre a questão, sugiro esta leitura. Se quiser, ouça também este áudio. Veja também esta notícia.

Este espaço está aberto para quem pense de forma contrária e que divirja das opiniões médicas que suscitaram o presente texto. Afinal, sempre é bom uma segunda opinião!

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