O blog da Petrobras vem sendo vítima da fúria de colunistas e editores de jornais Brasil afora. A celeuma é emblemática da falta de norte do jornalismo, em especial o impresso, em face do poder e alcance da Internet. Irresistível é dizer logo de cara: bem-vindos ao século XXI, senhores jornalistas!
A idéia da Petrobras de criar um blog em que antecipa as declarações e os dados que repassa à imprensa vem sendo acusada de antiética e de prática típica de brucutus. Grande bobagem ou puro desespero daqueles que o dizem. A única preocupação deveria ser, em realidade, quanto à legalidade da medida. Em princípio, não parece haver problemas em relação a isso, pois a “empresa de economia mista” apenas reproduz as informações de que é dona por direito.
No que se refere à ética, é de se suspeitar que a petroleira, no fundo, tem bons motivos para não acreditar na imprensa. Aliás, se os propósitos midiáticos fossem indubitavelmente honestos, é de se supor que os órgãos não se sentiriam tão incomodados com a salutar e transparente medida da nossa mezzo estatal. Noutras palavras, é mais livremente presumível que a Petrobras, ela sim, é que, ao divulgar a íntegra do que lhe perguntam e do que ela responde, parece estar se protegendo de uma eventual falta de ética jornalística. Será que não?
A iniciativa da Petrobras também tem sido acusada de tentativa de intimidação. Como assim? Será que há motivos para os jornalistas se intimidarem? Ora, bem-intencionados que são, os profissionais de imprensa, comprometidos com a verdade e com a lisura de seu trabalho, nada certamente têm a temer do "terror" praticado pela “petrossauro”.
De resto é risível que a imprensa, tão dada a pedir transparência de todos, fique chocada com a abertura escancarada cometida pela Petrobras em seu blog.
A grande verdade é que a imprensa sofreu um golpe. Ela vinha recentemente prestando o nobre papel de criar manchetes para a oposição municiar a sua CPI da Petrobras, tida quase como um último recurso para enfraquecer o governo federal. Com o blog, torna-se difícil a velha e boa manipulação que todo mundo, no fundo, sabe que vigora nas práticas jornalísticas.
E por fim: juro que não me lembro; quantos jornalistas incontidos e quantos editoriais raivosos se insurgiram contra a PetroBrax, nos “bons tempos” de FHC? Se alguém souber, por favor, “cartas para a redação”!
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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