Em artigo recentemente publicado na Folha de São Paulo, e posteriormente em entrevista ao Conversa Afiada, a ex-deputada federal Zulaiê Cobra Ribeiro soltou o verbo para cima da situação caótica do trânsito da maior cidade do país, detentora de uma das maiores frotas de veículos do mundo, e aproveitou para lançar críticas à política de punição aos motoristas por intermédio das multas. A ex-deputada defende que o poder público deveria estar mais preocupado em educar e orientar os condutores, e não multá-los.
Caberia perguntar que educação ou orientação seriam essas.
É de se esperar que os motoristas já sejam devidamente educados. Aquele documento que se chama “carteira de habilitação” é como um diploma do cidadão que se mostrou apto – portanto educado – a dirigir um automóvel. Ou pelo menos deveria ser...
Então o sujeito avançaria o sinal vermelho, e o agente da prefeitura “orientá-lo-ia” que não se faz isso, pois o “vermelho” sinaliza ao motorista que pare? Ora, é uma verdadeira piada!
O exemplo do semáforo é uma covardia, pois não dá oportunidades aos que queiram refutar, afinal, até crianças da mais tenra idade sabem da elementar regra dos sinais de trânsito. Mas que não se deve falar ao celular enquanto dirige, também é algo de que os motoristas precisem ser educados?
Não por acaso foram usados os dois exemplos acima: este blog lança uma sugestão ao leitor: experimente andar por meia hora numa rua razoavelmente movimentada de São Paulo, e, com certeza, deparar-se-á, senão com as duas, pelo menos com uma das infrações epigrafadas. Esqueça todas as outras faltas possíveis; atente-se apenas às duas, e o leitor certamente verá que os “marronzinhos” e outros autorizados a disciplinar o trânsito teriam muito trabalho para “educar” e “orientar” os motoristas sequiosos de aprender.
Fala-se muito numa tal “indústria” da multa. A expressão parece acertada. Como toda indústria, essa só existe e – principalmente - sobrevive em virtude do fato de haver pessoas empenhadas em consumir os seus “produtos”. E que produto é esse? A multa, por óbvio. E da mesma forma que, por exemplo, uma indústria calçadista vai à falência se as pessoas pararem de prestigiar seus calçados, a “indústria da multa” também iria à bancarrota se os motoristas parassem de consumir seus “produtos”.
Senhores agentes de trânsito, policiais militares de São Paulo e todos que estão autorizados a multar, por favor, continuem fazendo seu digno trabalho, aplicando a lei na medida certa; deixem a orientação e a educação para o trânsito para as escolas de formação de condutores e para o sistema de normal de ensino no que lhe for cabível.
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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