A publicidade que pretende vender computadores domésticos sempre procura trazer aos pais o lembrete de que o computador é um bem obrigatório nos dias de hoje, pois sem ele os seus filhos não podem estudar.
É bem verdade: com o computador, a um simples toque, as crianças podem ter acesso ao maravilhoso mundo do conhecimento. Graças a essa fantástica máquina, aquele difícil trabalho de ciências, que deve ser entregue impreterivelmente amanhã, tende a ser um pouco menos hercúleo: uma rápida pesquisa no Google ou uma visita a Wikipédia podem tranqüilamente resolver o problema. É claro que se fará necessária uma leitura e talvez até mesmo uma compilação de diversos textos, para que nosso brilhante aluno entregue um trabalho de primeira e possa dizer com orgulho: “o computador me abriu inúmeras oportunidades, eu fiz minha pesquisa, consultei diversas fontes, e posso dizer que aprendi”.
E você, caro papai, certamente que tem um computador em casa para o seu filho não ficar para trás e poder, assim como os demais colegas de sala, realizar magníficos trabalhos, fazer pesquisas, reforçar o que aprendeu na aula.
Os publicitários e vendedores sabem muitíssimo bem que as pessoas – sobretudo os mais jovens, e especialmente as crianças e adolescentes – não vêem no objeto chamado computador outra utilidade que não seja a de auxiliar do ensino, um verdadeiro complemento à atividade escolar.
É bem provável que todos eles – pais, publicitários, vendedores – ficariam surpresos se um dia vissem um jovem de qualquer sexo usando o computador, esse verdadeiro aliado da educação, não para estudar, mas para jogar, ou se o vissem navegando pelas páginas do Orkut, ou batendo papo no MSN, ou acessando a página oficial na Internet de um artista de rock ou de uma boy band, ou...
Não é sobre liberdade (e eles sabem disso)
Há 5 semanas
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